Um comitê da Liga Árabe deu 24 horas ao governo da Síria para concordar em permitir a entrada da sua missão observadora no país, ou enfrentar sanções econômicas e políticas dos seus vizinhos árabes. A ameaça feita nesta quinta-feira (23) acompanha o aumento das pressões internacionais sobre o presidente sírio Bashar Assad para frear a brutal repressão contra os opositores ao seu regime.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que mais de 3,5 mil pessoas foram mortas na violência desde meados de março. Esse número também inclui soldados e funcionários do governo mortos pelo opositores. A reunião da Liga, sediada no Cairo, aconteceu em um hotel, uma vez que a praça Tahrir, onde fica o quartel-general, continua tomada por manifestantes egípcios.
Nesta quinta-feira, a violência continuou na Síria, com os ativistas reportando pelo menos mais 15 mortes, incluindo civis e soldados mortos na província de Homs. Mas em Damasco ocorreu uma grande manifestação de partidários do regime em apoio a Bashar Assad.
Missão
A Liga Árabe pediu a Damasco que concorde com a entrada da missão observadora até sexta-feira (25). Se a Síria rejeitar o pedido a Liga Árabe se reunirá no sábado (26) na sua sede no Cairo para decidir sobre as sanções que podem incluir a suspensão dos voos comerciais à Síria, final dos acordos financeiros e congelamento de ativos sírios nos bancos dos outros países árabes. A Liga Árabe suspendeu a Síria da entidade na semana passada.
Sinais de que não existe unanimidade na Liga Árabe sobre a crise síria, contudo, também ficaram aparentes nesta quinta-feira. O governo do Líbano disse que não apoiará sanções da Liga contra a Síria e a informação partiu do ministro das Relações Exteriores libanês, Adnan Mansur.
"O Líbano não apoiará qualquer sanção contra a Síria na Liga Árabe", disse Mansur. "Nós decidiremos se votaremos contra as sanções no Cairo ou vamos nos abster", ele afirmou em Beirute, logo antes de embarcar num voo para o Cairo. O Líbano e o Iêmen votaram contra a suspensão da Síria na Liga, no começo deste mês. O grupo xiita Hezbollah, que faz parte do governo libanês, é aliado da Síria.
Também nesta quinta-feira, a União Europeia (UE) disse que a proteção dos civis contra a repressão do governo sírio "é um aspecto importante e cada vez mais urgente" na resposta à violência. O governo da França disse que apoiará a ideia da abertura de "corredores humanitários" para que civis deixem a Síria. O chanceler francês Alain Juppé disse à rádio France-Inter que Paris levará a proposta à UE, mas ressaltou que ela precisará do apoio das Nações Unidas, da Liga Árabe e ter a assertiva do governo sírio.
Cenários
Juppé disse que a França trabalha com dois cenários para a crise síria. "O primeiro é que a comunidade internacional obtenha autorização do regime (Assad) para a abertura de corredores humanitários. Se esse não for o caso, teríamos que considerar outras soluções. É possível proteger comboios, mas ainda não estamos lá", afirmou. Existem rumores de que a Turquia e a França consideram a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre parte do território sírio para dar uma margem de manobra à oposição síria, enquanto esta organiza sua revolta. Juppé disse que a situação na Síria é "insustentável".
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
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