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Brasília – O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, cumpriu ontem sua missão de "eliminar os ruídos" nas relações com o Brasil, acirrados pelo teor do decreto de nacionalização do setor de gás e petróleo e por declarações públicas de seu superior hierárquico, o presidente Evo Morales.

Ao final de duas reuniões no Palácio do Planalto, Linera concordou com a retomada das negociações entre a estatal YPFB e a Petrobrás no início de setembro e acentuou que deverão ser concluídas no prazo previsto, novembro deste ano. Mas, ressalvou que as conversas não mais se restringirão à questão do reajuste do preço do gás exportado ao Brasil. Com o aval do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a negociação abarcará também a adequação das refinarias da Petrobrás na Bolívia às regras de nacionalização e novos investimentos dos brasileiros no setor energético do país vizinho.

O vice-presidente também informou que passará a monitorar o andamento das negociações bilaterais, que deixarão de ser conduzidas exclusivamente pelo ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Solíz Rada, supostamente envolvido em denúncias de corrupção.

Linera disse ontem que a moção de censura do Senado contra o Solíz Rada "era previsível". O Senado da Bolívia, controlado pelas forças de oposição, aprovou na quarta-feira, uma moção de censura contra Solíz Rada, por sua suposta incapacidade para executar a nacionalização dos hidrocarbonetos, decretada em 1º de maio. A moção de censura deveria ser seguida pela renúncia de Solíz Rada, mas o ministro foi mantido no cargo pelo próprio Morales.

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