O presidente dos EUA, Donald Trump, exibindo ordem executiva no Salão Oval da Casa Branca em Washington, DC| Foto: EFE/EPA/AL DRAGO / POOL
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Sob o lema "América em Primeiro Lugar", o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está prestes a anunciar uma nova rodada de tarifas que pode atingir muito mais do que a dezena de países estipulada inicialmente pelo próprio governo americano.

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As novas cobranças serão promovidas durante um grande evento nesta quarta (2), no qual o mandatário estará acompanhado por todo o seu gabinete, segundo informou na segunda-feira (31) a porta-voz do governo, Karoline Leavitt.

Trump apelidou o dia 2 de abril como "Dia da Libertação" porque, segundo ele, permitirá que os EUA se livrem de práticas comerciais "injustas" que outros países mantêm há décadas.

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Nesta terça-feira (1º), a Casa Branca anunciou que o evento, chamado de "Make America Wealthy Again" ("Tornar os EUA ricos de novo", em inglês), será realizado no roseiral da Casa Branca e contará com comentários de Trump.

Na prática, o presidente republicano planeja anunciar "tarifas recíprocas" sobre os países que, segundo Washington, impõem barreiras comerciais contra produtos e serviços dos EUA, uma medida que poderia afetar particularmente a União Europeia (UE).

Leavitt disse que o anúncio incluirá "tarifas baseadas em países", mas não deu detalhes sobre quais nações serão afetadas, se a UE seria considerada como um bloco ou se a medida se aplicará a países específicos. No entanto, afirmou que "por enquanto, não haverá isenções".

O secretário do Comércio, Howard Lutnick, deverá apresentar a Trump um relatório detalhando as barreiras comerciais e tributárias que outras nações impõem aos produtos americanos. Esse documento deve ser a chave para uma decisão final ainda incerta de Trump, que garantiu não estar preocupado com o fato de essa política aproximar alguns de seus aliados da China.

Linha do tempo das tarifas

As primeiras tarifas promovidas pelo novo governo americano foram anunciadas nas primeiras horas depois da posse de Trump. Os primeiros países alvos das cobranças foram Canadá, México e China.

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Trump ameaçou os países vizinhos com tarifas sobre as exportações em retaliação ao tráfico de fentanil, opioide sintético que mata dezenas de milhares de pessoas nos EUA todos os anos por overdose, e visando conter a imigração ilegal. Tal medida foi adiada após uma mobilização do Canadá e México para colaborar com Washington.

Já a China não contou com um adiamento das novas cobranças sobre seus produtos. Em 10 de fevereiro, a Casa Branca anunciou um imposto de 10% sobre todas as importações chinesas.

Pequim rapidamente respondeu com tarifas de 10% a 15% sobre alguns produtos dos EUA. Trump, então, dobrou as cobranças para 20% em 4 de março.

O país asiático também anunciou novos controles sobre exportações de minerais importantes e iniciou uma investigação antitruste contra o gigante tecnológico americano Google.

Ainda no dia 4, entrou em vigor uma tarifa de 25% sobre produtos importados do México e Canadá, além de 10% sobre importações de energia canadenses.

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Dois dias depois, o governo Trump passou a taxar o potássio usado por agricultores como fertilizantes nos EUA em 10%.

No dia 12 de março, passaram a ser cobrados 25% sobre o aço e alumínio de todos os países que importam materiais para os EUA.

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Desde a posse, Trump fez outras promessas em sua política tarifária, mas ainda não colocou em prática.

No último dia 26, o presidente anunciou tarifas de 25% sobre todos os carros que são fabricados fora do território americano, medida que ainda está pendente e é esperada para esta quarta-feira (2).

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Segundo ele, a iniciativa busca “estimular a produção doméstica, proteger a segurança nacional e reverter o desequilíbrio comercial no setor automotivo”. No entanto, Trump decidiu que as autopeças fabricadas no México e no Canadá ficarão temporariamente isentas da tarifa de 25%.

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Ainda para esta quarta, espera-se que Trump finalmente esclareça sua ideia de cobrança ampla sobre importações de muitos países, cujos detalhes ainda não foram divulgados.

Outras ameaças de tarifas

Um dos objetivos de Trump é utilizar as tarifas como moeda de troca para promover sua agenda interna e externa.

Ele ameaçou impor taxas de 25% a qualquer país que negociasse a compra de petróleo com o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.

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O presidente também tem pressionado o bloco dos Brics a desistir de uma moeda única que substitua o dólar no comércio. Ele prometeu aplicar tarifas de até 100% sobre os países integrantes da aliança.

Trump ameaçou impor uma tarifa de 200% sobre vinhos e outras bebidas alcoólicas procedentes da União Europeia (UE) em represália aos planos de Bruxelas de taxar as importações de uísque americano.

Na semana passada, o mandatário republicano também pressionou a Rússia para chegar a um acordo de paz, prometendo aplicar mais tarifas e sanções rigorosas sobre Moscou.