Washington - Apenas a leitura do índice do relatório preparado pela CIA sobre as acusações de excessos cometidos por membros da agência de inteligência norte-americana entre 2001 e 2003 já dá frio na espinha. "Pistola de mão e furadeira elétrica, começa o item intitulado "Técnicas especificas não autorizadas ou não-documentadas.
"Ameaças. "Fumaça. "Posições estressantes. "Vassoura e algemas. "Técnica de waterboarding. "Execuções simuladas. "Uso de frio. São autoexplicativos do que sofreram pelo menos 11 detentos que estavam sob a guarda dos EUA.
São 159 páginas, cujo teor não integral foi divulgado ontem por ação da American Civil Liberties Union (ACLU), principal entidade de direitos civis dos EUA.
O relatório foi preparado pela própria CIA em 7 de maio de 2004 e abrange atividades de setembro de 2001 a outubro de 2003. Era o auge da "guerra ao terror declarado por George W. Bush após o ataque ao World Trade Center, em que medidas de exceção no tratamento de suspeitos de terrorismo ganharam o amparo jurídico da Casa Branca.
Além dos abusos, o informe revela que, num interrogatório a Khalid Sheikh Mohammed, mentor dos atentados de 11 de Setembro, a CIA ameaçou matar seus filhos caso novos atentados acontecessem nos EUA. Em outro caso, interrogadores sugeriram que a mãe de um detento seria estuprada.
Segundo os documentos, a CIA foi longe demais além até mesmo do que estava autorizado por memorandos do Departamento de Justiça que, de lá para cá, foram invalidados.
"Daqui a dez anos estaremos lamentando isso, (mas) tem de ser feito", disse um agente da CIA não identificado no relatório, prevendo que os interrogadores algum dia teriam de comparecer perante os tribunais para responder pelas torturas.
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