Um livro que acaba de ser publicado na Holanda questiona a legitimidade de Ferdinand Porsche como o homem que inventou o Volkswagen Beetle (Fusca). De acordo com o livro "Het Ware Verhaal van de Kever" ("A verdadeira história do Fusca"), do historiador Paul Schilperoord, o homem que desenvolveu o carro mais popular do mundo e que se tornou o símbolo da indústria automobilística alemã foi um jornalista e engenheiro judeu chamado Josef Ganz (1898-1967).
De acordo com o livro, que está sendo cogitado para servir de roteiro para um filme de cinema, Ganz era filho de pai alemão e mãe húngara, adorava engenharia automotiva e projetou em 1923 o primeiro carro compacto com motor na parte de trás, carroceria arredondada e suspensão independente. Ele sonhava criar um carro que pudesse ser mais seguro e eficiente que os modelos da época e custasse o mesmo que uma motocicleta.
Ganz entrou em contato com fabricantes de motos e em 1931 conseguiu finalmente construir o protótipo Maikäfer (Meu Besouro). Após prestar serviços para a BMW e a Daimler, Ganz acabou preso pela Gestapo, a polícia do regime nazista, em 1933, acusado de chantagem. Libertado no ano seguinte, acabou tendo sua carreira como projetista prejudicada.
Ganz seguiu para a Suíça onde o próprio governo suíço tentou roubar seu projeto. Para piorar, de acordo com o livro, Adolf Hitler ficou entusiasmado com a ideia de produzir um veículo popular em larga escala.
Hitler então teria designado Ferdinand Porsche para desenvolver o Volkswagen Beetle e ficar com todos os créditos pela obra.
O judeu Ganz nunca conseguiu comprovar ser o verdadeiro "pai" do Fusca. Após a Segunda Guerra ele foi para a França tentar desenvolver seu carro pela companhia Automobile Julien, sem sucesso. Em 1951, Ganz foi morar na Austrália onde trabalhou para a Holden, uma marca do grupo General Motors. Ele morreu em 1967.
O livro de Schilperoord contém documentos importantes de Ganz e centenas de fotografias e desenhos inéditos do carro que inspirou o Fusca.