Lima, Peru O escritor Mario Vargas Llosa disse que os peruanos sofrem de uma cegueira política por tender, nas pesquisas, a apoiar o militar aposentado Ollanta Humala para a presidência do país. Segundo Vargas Llosa, Humala "representa o autoritarismo". O escritor, que foi derrotado nas eleições presidenciais de 1990 por Alberto Fujimori, advertiu que Humala tem como modelo o dirigente venezuelano Hugo Chávez, "o militar que destruiu a democracia venezuelana e criou uma espécie de sistema autoritário megalomaníaco". "O que está acontecendo em nosso país para que haja semelhante cegueira política, moral e cultural?", perguntou o escritor peruano na noite de terça-feira, depois de receber uma condecoração na Defensoría del Pueblo. "Como é possível que depois de haver saído de dez anos de vergonha, período em que se roubou e saqueou da maneira mais indigna e ignóbil, haja hoje em dia pelo menos um terço da população que deseja voltar á ditadura, ao autoritarismo, à imprensa censurada?", insistiu.
Segundo a última pesquisa da empresa Apoyo, Opinión y Mercado, a mais respeitada do país, Humala está no primeiro lugar na preferência do eleitorado, com 32% das intenções de voto, seguido pela conservadora Lourdes Flores, com 28%. "Esta candidatura (de Humala) representa o autoritarismo e a falta de liberdade, características que todos os peruanos rejeitamos ao longo da história e com maior afinco durante o regime de Alberto Fujimori", disse Vargas Llosa. O escritor pediu aos peruanos que não sejam "tão cegos, tão amnésicos, tão insensatos" em destruir a democracia, recuperada em 2001, após a queda do governo de Fujimori.
Vargas Llosa é autor de "A Cidade e os cães" (1963), "Tia Julia e o escrevedor" (1977), entre outros.
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