Prometendo encerrar a crise política que o país vive há sete meses, o conservador Porfirio "Pepe" Lobo assumiu ontem a Presidência de Honduras com um discurso conciliador e, como primeiro ato, sancionou uma lei de anistia ao ex-presidente Manuel Zelaya e aos responsáveis por sua deposição, em 28 de junho de 2009. Zelaya deixou ontem a Embaixada brasileira, após 128 dias.
No meio do discurso de posse, Lobo assinou o decreto de anistia para crimes políticos, aprovado na noite de terça-feira pelo novo Congresso. "Esse é o começo da conciliação, o perdão, por parte do Estado, para perdoar a todos", disse o novo presidente.
O decreto inclui o perdão a supostos crimes como "traição à pátria, terrorismo, usurpação de funções e abuso de autoridade cometidas entre 1.º de janeiro de 2008 e terça-feira.
A medida deve beneficiar principalmente Zelaya, deposto em meio a acusações de que queria modificar a Constituição para introduzir a reeleição presidencial. Essa iniciativa, considerada ilegal pelo Judiciário e pelo Legislativo, foi a principal justificativa para a sua deposição.
Lobo também prometeu instalar em breve a comissão da verdade, mais um esforço para ganhar reconhecimento internacional que aparenta estar crescendo: os EUA e a maioria dos países da América Central enviaram representantes à posse.
Por outro lado, países da América do Sul, liderados pelo Brasil, desconhecem o resultado, sob a justificativa de que a eleição não ocorreu num ambiente democrático. O Brasil não vai rever sua posição e reconhecer o novo governo em Honduras apenas com base nos desdobramentos desta semana, declarou o chanceler Celso Amorim. "No momento não há o que mudar, afirmou, em Genebra. A situação deve ser discutida no fim de fevereiro durante encontro da Cúpula do Rio, em Cancún, no México.
Finalmente
Sem mais motivo para permanecer na Embaixada brasileira, para onde se mudou em 21 de setembro do ano passado, o presidente deposto Manuel Zelaya deixou o país a caminho da República Dominicana.
Uma multidão se reuniu no Aeroporto de Tegucigalpa e saudou o líder deposto, que partiu em jatinho particular para Santo Domingo.
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Interatividade
O Brasil deveria reconhecer o presidente eleito em Honduras?
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