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Oriente Médio

Local religioso sintetiza a disputa entre árabes e judeus na Terra Santa

No Monte do Templo, estão o Domo da Cadeia (a edificação maior, do ano 685) e a mesquita da Cúpula da Rocha (de 691) | Andrew Shiva/Creative Commons
No Monte do Templo, estão o Domo da Cadeia (a edificação maior, do ano 685) e a mesquita da Cúpula da Rocha (de 691) (Foto: Andrew Shiva/Creative Commons)

O ato de rezar num platô de 150 mil metros quadrados — pouco maior do que o Maracan㠗 no centro da Cidade Velha de Jerusalém pode atiçar o já inflamável conflito entre judeus e árabes no Oriente Médio.

Grupos de israelenses ultranacionalistas demandam cada vez mais o direito de orar no local que chamam de Monte do Templo, onde, há dois mil anos, ficava o Templo de Herodes, destruído no ano 70, e antes dele, o famoso Templo de Salomão. Parte da parede de contenção desse monte é o famoso Muro das Lamentações, tradicional local de oração para os judeus — por ser o ponto mais próximo do templo com acesso livre — e visitado por mais de 3,5 milhões de turistas estrangeiros anualmente.

Mas, para os muçulmanos, o lugar se chama Esplanada das Mesquitas, ponto que perde em importância religiosa apenas para Meca e Medina, na Arábia Saudita. É lá que ficam as mesquitas de al-Aqsa e de Omar, a do famoso domo dourado que colore os cartões postais de Jerusalém.

Não parece haver um lugar mais sensível na disputa territorial e religiosa entre judeus e árabes na Terra Santa. Afinal, é nesse ponto do planeta que passagens-chave de livros sagrados como a Bíblia e o Alcorão aconteceram, como o sacrifício de Isaac por Abraão e a subida aos céus do Profeta Maomé. As questões em torno do local são tão delicadas que o moderno Estado de Israel — que controla os lados ocidental e oriental de Jerusalém desde 1967 — prefere não se intrometer e manter os jordanianos como zeladores dos sítios religiosos muçulmanos de Jerusalém, incluindo a Esplanada das Mesquitas.

Atualmente, a entrada de turistas não muçulmanos — incluindo judeus — na Esplanada é permitida, mas eles não podem rezar por lá. Nos últimos tempos, no entanto, centenas de judeus religiosos têm visitado o local para orar, em hebraico. Fazem parte de grupos como a Central das Organizações do Templo (que diz reunir 27 ONGs judaicas em prol das orações no Monte do Templo). Eles sussurram bênçãos e recitam partes da Bíblia — às vezes fingindo que estão falando no celular — antes de serem expulsos por policiais. Muitas vezes, causam tensão com os muçulmanos que frequentam a Esplanada.

Essa minoria é rejeitada pela maior parte dos israelenses, seculares ou religiosos "light", que entendem a delicadeza da situação e costumam visitar apenas o Muro das Lamentações. Mas os ultranacionalistas começam a encontrar apoio entre políticos de partidos de extrema-direita que fazem parte do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

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