Londres oferece mais recursos para escoceses

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A Grã-Bretanha prometeu altos níveis de financiamento à Escócia, concedendo ao país maior controle sobre seus gastos de saúde, em uma última tentativa para alavancar apoio pela manutenção do Reino Unido antes do referendo sobre a independência, que ocorre amanhã.

Com as pesquisas mostrando que a decisão sobre o destino do Reino Unido será apertada, os gastos com bem-estar social e com o futuro do renomado Sistema Nacional de Saúde formaram uma parte central do argumento do nacionalista Alex Salmond pela secessão.

Em um acordo patrocinado pelo ex-primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown, os líderes dos três principais partidos britânicos disseram que manteriam a equação de financiamento que sustenta um nível maior de gastos públicos na Escócia.

"As pessoas querem ver mudanças", diz o texto do acordo, publicado no jornal escocês Daily Record e assinado pelo primeiro-ministro David Cameron e pelos líderes Ed Miliband (trabalhista) e Nick Clegg (liberal democrata).

"Um voto pelo ‘não’ propiciaria uma mudança mais rápida e segura do que a separação", afirma o texto. Cameron, cujo cargo estará em jogo se os escoceses votarem pela saída do Reino Unido, afirmou em sua última visita à região antes do referendo que qualquer separação seria "dolorosa".

Líderes britânicos concordam que mesmo se a Escócia votar pela manutenção da união de 307 anos, a estrutura do Reino Unido terá de mudar, já que os esforços para conceder tantos poderes à Escócia provocará clamores por um Estado menos centralizador no País de Gales, na Inglaterra e na Irlanda do Norte.

Diversos eleitores nas zonas industriais do norte da Inglaterra e de Gales dependem dos gastos sociais do governo, ao passo que alguns parlamentares ingleses do próprio partido de Cameron já pediram que a Inglaterra tenha mais poderes.

Diante da maior ameaça interna ao Reino Unido desde que a Irlanda se separou há quase um século, diversas celebridades britânicas — do ator escocês Brian Cox (a favor da independência) ao inglês ex-jogador de futebol David Beckham (contra) — se uniram em um esforço para debater com os escoceses o futuro do país e do Reino Unido.

Votação

Veja o que muda e o que não muda caso os escoceses optem pela independência.

Rainha

O Partido Nacional Escocês quer manter uma monarquia constitucional, com a rainha Elizabeth II como soberana, seguindo os exemplos da Austrália e do Canadá. A monarca está neutra no debate.

Moeda

O país continuaria usando a libra esterlina nos próximos meses, mas o que aconteceria após uma plena independência ainda é dúvida, já que o governo britânico descarta compartilhar a moeda.

Sistema de saúde

Para os separatistas, o "sim" é a única maneira de salvar o Serviço Nacional de Saúde da Escócia (NHS, em inglês), que é público.

BBC

A taxa de licença da emissora pública de rádio e tevê na Escócia custa cerca de 230 milhões de libras (R$ 874 milhões), o que leva a campanha separatista a defender o uso dos ativos da BBC para criar o Serviço de Radiodifusão Escocês (SBS). Ele continuaria a fornecer conteúdo original para a BBC e, em troca, a Escócia teria acesso a toda a programação atual. Mas o governo britânico diz que uma rede independente iria perder qualquer direito automático à programação da BBC.

Forças armadas

O envolvimento na guerra do Iraque e a base de submarinos nucleares Trident em território escocês são impopulares no país. Nacionalistas defendem a criação de uma nova força de defesa escocesa, com base em regimentos já existentes.

Esporte

Nada mudaria para os times de rúgbi e futebol escoceses, mas os British and Irish Lions, que representam as Ilhas Britânicas, teriam que mudar de nome. O que aconteceria com o restante da Associação Olímpica Britânica ainda está em debate.