O comissário chefe da Polícia Metropolitana de Londres, Ian Blair, disse nesta terça-feira, ao prestar depoimento a uma comissão parlamentar, que a política de atirar para matar adotada no combate ao terrorismo após os atentados de julho na capital britânica está sendo revisada, por causa da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes.

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O mineiro Jean Charles, um eletricista de 27 anos, foi morto com oito tiros num vagão do metrô da estação de Stockwell, em Londres, no dia 22 de julho. Ele foi confundido pela polícia com um terrorista, numa sucessão de erros que suscitou enormes pressões pela demissão de Ian Blair. Na véspera da morte de Jean Charles, quatro homens tentaram explodir bombas no sistema de transporte urbano de Londres, à semelhança do atentado que matara mais de 50, duas semanas antes.

O comissário disse que "um pequeno número de mudanças administrativas" foi adotado, mas que a estratégia geral continua sendo a mesma. Apesar de reconhecer as mudanças, ele voltou a defender a atuação dos agentes, ao depor diante da Comissão de Assuntos Internos da Câmara dos Comuns, encarregada de estudar a resposta das autoridades aos ataques terroristas de 7 e 21 de julho.

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- Creio que atravessamos um momento crucial e agora temos que encontrar a via para debater esses temas (como a política de atirar para matar), sem revelar detalhes táticos - disse o comissário.

Três primos de Jean Charles - Alessandro, Vivien e Patrícia - compareceram à audiência. Ian Blair pediu para se reunir com eles separadamente, para apresentar suas desculpas. A família declinou gentilmente a oferta, segundo um porta-voz da Scotland Yard.

Pouco antes de Ian Blair, em depoimento à mesma comissão parlamentar, o secretário (ministro) do Interior da Grã-Bretanha, Charles Clarke, disse que "centenas de indivíduos" estão sendo vigiadas de perto pela polícia e a inteligência. Essas pessoas, segundo ele, são consideradas suspeitas de laços com o terrorismo. Ele sustentou uma afirmação feita há alguns meses pelo primeiro-ministro Tony Blair, que centenas de pessoas poderiam estar planejando ataques em território britânico.

- Há certamente centenas de indivíduos que observávamos muito de perto e continuamos a observar extremamente de perto - disse Clarke.

Clarke também disse que não tem dúvidas da ligação dos homens que atacaram Londres nos dias 7 e 21 de julho com o terrorismo internacional.

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- Não há dúvida de uma série de relações internacionais envolvidas. A extensão em que havia algum tipo de comando ou controle, não sabemos ainda. Mas estamos tentando descobrir precisamente que relação é essa.

Clarke disse que a conclusão procede, particularmente, de uma mensagem em vídeo deixada por um dos suicidas que atacaram no dia 7 de julho, Mohammad Sidique Khan. Os investigadores concentram-se em como e onde a fita foi produzida.