O presidente mexicano Andres Manuel López Obrador acena ao chegar para a cerimônia de posse da governadora da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, em 5 de dezembro| Foto: ALFREDO ESTRELLA / AFP

Andrés Manuel López Obrador conquistou os eleitores mexicanos prometendo um tipo diferente de presidência, fazendo promessas teatrais que muitos se perguntavam como ele iria cumprir. 

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Depois de cinco dias como presidente, ele está realizando coletivas de imprensa diariamente para relatar o status de sua agenda, fazendo atualizações que alguns mexicanos acham esperançosas e outros preocupantes. Seus briefings diários marcam uma mudança radical em relação à administração anterior, mais fechada. 

Desde que assumiu o cargo no sábado, algumas de suas ideias mais incomuns já foram realizadas. A antiga mansão presidencial está agora aberta ao público (e o novo filme de Alfonso Cuarón logo será projetado em suas paredes). O avião presidencial foi levado para a Califórnia, onde o governo mexicano tentará vendê-lo em uma demonstração de austeridade. López Obrador está se locomovendo em um velho Volkswagen, em vez de uma carreata chamativa. 

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Agora, além dos gestos simbólicos, López Obrador está se preparando para enfrentar alguns dos maiores desafios políticos do México. Na semana que vem, disse ele, ele anunciará uma proposta para desfazer a reforma educacional do antecessor, Enrique Peña Nieto, embora tenha divulgado poucos detalhes, além de afirmar que foi desenvolvida "com o consenso dos professores". Nos próximos dias, disse López Obrador, ele falará com o presidente Trump sobre migração. 

Na segunda-feira, López Obrador ordenou uma "comissão da verdade" para investigar o desaparecimento de 43 estudantes em Ayotzinapa em 2014. Forças de segurança foram implicadas no incidente, e o esforço de López Obrador para esclarecer o que aconteceu deu esperança a alguns dos pais dos desaparecidos, mesmo que tenha levantado questões sobre o que uma nova investigação poderia render. 

Na terça-feira, ele buscou convencer investidores de que, apesar de seus recentes ataques ao neoliberalismo – e particularmente à recém-liberalizada indústria de energia do México – ele não vai atrapalhar o livre mercado. Ele apontou na segunda-feira, em sua primeira coletiva de imprensa como presidente, que os mercados haviam subido durante o primeiro dia de seu mandato. 

"Você não pode regular o mercado por decreto", disse ele. "Sou a favor de um mercado livre". 

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Salários menores para servidores do alto escalão

Também na terça-feira, López Obrador retornou à sua política declarada de limitar os salários dos funcionários públicos, dizendo em uma coletiva de imprensa: "É desonesto quando um funcionário recebe até 600 mil pesos por mês [cerca de R$ 113 mil]. Isso é corrupção". 

López Obrador pareceu reconhecer que alguns funcionários de alto escalão estão silenciosamente fervendo de raiva com sua proposta. Aparentemente falando com aqueles que poderiam estar descontentes, ele disse: "Então, há o setor privado". 

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O jornal mexicano El Universal informou na terça-feira que quase 3.000 funcionários públicos entraram com ações judiciais coletivas contra o governo por uma lei que determina que nenhum burocrata pode ganhar mais do que o presidente. Como López Obrador estabeleceu seu salário em 108 mil pesos por mês (cerca de R$ 20 mil), menos da metade do salário de seu antecessor, o pagamento de outros servidores públicos também despencou. De acordo com o El Universal, a penalidade para os funcionários do governo pegos recebendo um salário mais alto do que o presidente é de 14 anos de prisão. 

Setor energético

Na quarta-feira, em sua coletiva de imprensa diária, López Obrador anunciou que vai pressionar por novos locais de perfuração de petróleo no estado sulista de Campeche. 

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"Precisamos extrair petróleo. A produção está caindo. Em poucos dias, começaremos a perfurar novos poços de petróleo", disse ele. 

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Mas na mesma coletiva de imprensa, ele também deu um aviso a empresas privadas que receberam contratos recentes de petróleo, dizendo que estaria acompanhando de perto seu desempenho antes de decidir se continuaria com os contratos, injetando incerteza em sua política de energia, que já incomodou muitos da indústria. 

"A partir de seus resultados, vamos tomar a decisão. Nosso compromisso é dar um prazo de três anos para os resultados", disse López Obrador.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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