Começará nesta semana uma campanha de resistência civil, lançada por militantes de esquerda para forçar uma recontagem dos votos da eleição presidencial do México.
Andrés Manuel López Obrador, candidato que perdeu o pleito de 2 de julho por pequena margem de votos, disse que haverá medidas de impacto para chamar a atenção sobre suas denúncias de fraude eleitoral.
- A partir de hoje vamos elaborar o plano e o que posso dizer é que as primeiras ações de resistência civil começarão esta semana - disse López Obrador a uma rádio de esquerda.
Obrador perdeu a eleição para o conservador Felipe Calderón por cerca de 240 mil votos, de um total de 41 milhões de votos, e afirma que houve fraude.
Os líderes da esquerda se negaram a dizer que tipo de protestos foram planejados. No domingo, Obrador reuniu uma multidão de centenas de milhares de manifestantes no centro da capital.
Manuel Camacho Solis, assessor político do candidato, disse que algumas ações não seriam anunciadas antecipadamente para preservar a surpresa.
- O que posso dizer é que os protestos vão aumentar durante as próximas duas semanas - afirmou.
Um tribunal eleitoral está avaliando as queixas de Obrador de que teria havido muitas irregularidades na contagem original dos votos e também na recontagem dos relatórios das urnas. O tribunal precisa declarar um vencedor até 6 de setembro.
Observadores da União Européia disseram que não houve fraude em larga escala na eleição, que dividiu o país entre a esquerda e a direita.
Os protestos de domingo terminaram sem destruição de propriedades, apesar de temores de que a marcha poderia se tornar violenta. Calderón, um ex-ministro da Energia, dizia em seus anúncios na TV que López Obrador era um "perigo para o México", mas adotou um tom mais conciliador na segunda-feira.
- Eu repito meu convite para manter e fortalecer o diálogo que nos permite definir e decidir o México que queremos para nossos filhos - disse Calderón.
Ele tem se negado, porém, a aceitar uma recontagem dos votos caso ela não seja ordenada pelo tribunal, e insiste que ganhou a eleição de forma limpa.
- Não vou aceitar chantagem ou ameaças. Lutei toda minha vida para que o México tivesse eleições livres e por essa razão continuarei a defender o voto dos mexicanos - disse ele a simpatizantes.
Ex-aluno de Harvard, Calderón planeja criar relações mais próximas entre o México e os Estados Unidos. Já Obrador geraria mais atritos com Washington mas, segundo analistas, ele não mudaria o atual status mexicano de parceiro comercial dos americanos e manteria a cooperação de segurança na fronteira.
López Obrador tem um longo histórico de liderança de protestos. Quando era político no seu Estado natal de Tabasco, nos anos 1990, promoveu o bloqueio a poços de petróleo e estimulou dezenas de milhares de pessoas a não pagar suas contas de energia em protesto contra fraude eleitoral e desastres ambientais realizados pela estatal do petróleo Pemex.