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O México começou na quarta-feira a recontar os votos da disputadíssima eleição presidencial de domingo para definir o vencedor, e tanto a bolsa quanto a moeda mexicanas caíram com a advertência do candidato oposicionista de que a estabilidade do país dependerá da transparência da apuração.

Apuradas 42,12% das seções eleitorais, o candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador, liderava a recontagem com 37% dos votos contra 34,38% do candidato governista, Felipe Calderón.

Ainda é cedo para dizer se a tendência se manterá. Resultados preliminares divulgados no início da semana, relativos à eleição de domingo, davam a Calderón uma liderança de 0,6 ponto percentual sobre López Obrador.

Enquanto os políticos trocavam acusações, os mexicanos mostravam preocupação com a incerteza que tomou conta do país.

- Estamos como que em suspenso com esse processo, porque ainda não sabemos quem ganhou. Até ontem (o candidato governista Felipe) Calderón era visto como vencedor, mas a distância foi diminuindo cada vez mais e é angustiante não saber de nada - disse o vendedor Juan Santoyo, 40 anos.

Depois das apurações preliminares, as autoridades eleitorais não conseguiram declarar um ganhador do pleito devido à pequena diferença de votos entre Calderón e López Obrador.

O resultado provisório mostrou uma ligeira vantagem de 0,6 ponto percentual para o governista, o que equivale a menos de 300 mil votos. O candidato da oposição acusou o processo de estar cheio de irregularidades e erros, e afirmou também que milhões de votos não foram contabilizados.

Diante da situação, o Instituto Federal Eleitoral (IFE) deu início na quarta-feira à recontagem urna por urna.

- Peço aos funcionários do IFE que não ajam com pressa, que dêem o tempo que for necessário, porque disso depende a estabilidade política do país - disse López Obrador em entrevista à imprensa.

Os mercados, que preferem o candidato do governo porque ele representa a continuidade das políticas de austeridade econômica promovidas pelo presidente Vicente Fox, reagiram com nervosismo às declarações do oposicionista.

A bolsa local chegou a cair mais de 3,5% e o peso mexicano se desvalorizou até 1,2%.

A recontagem pode demorar até o próximo domingo e, se o Partido da Revolução Democrática (PRD), de López Obrador, apresentar impugnações, o processo todo pode se estender até o início de setembro.

- Nossa função principal é que o voto do cidadão seja respeitado - disse a jornalistas o presidente do IFE, Luis Carlos Ugalde, no início da recontagem.

- Chegou o momento de assegurar que essa vontade seja plenamente respeitada, independentemente do partido ou do candidato que resulte vencedor - acrescentou, enquanto as 300 juntas de seções eleitorais contabilizavam as atas de 130.500 urnas.

Aliados de López Obrador, o ex-prefeito da Cidade do México que baseou sua campanha em programas sociais de distribuição de renda, já disseram que convocarão os eleitores a fazer protestos nas ruas se for necessário, depois da apuração final.

López Obrador já liderou invasões de poços de petróleo e manifestações contra fraudes eleitorais no passado. Em 2005, mais de 1 milhão de pessoas fizeram uma passeata a seu favor quando Fox tentou uma manobra para tentar torná-lo inelegível. O governo acabou recuando após os protestos.

- O voto dos cidadãos não pode ser trocado por mobilizações. O voto é a manifestação dos pacíficos - disse Calderón em entrevista a jornalistas na quarta-feira. - Está claro que não há manipulação. Com 100 por cento das atas podemos assegurar que ganhamos a eleição - disse Calderón, que, durante sua campanha, comparou López Obrador ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pintando o adversário como um perigo para a estabilidade econômica.

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