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Violência no Equador

Los Choneros: facção transforma prisões do Equador em centros de recrutamento para o crime organizado

Protesto de prisioneiros em Guayaquil, em agosto do ano passado (Foto: EFE/Jonathan Miranda)

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O Equador vive uma crise interna sem precedentes desde o final de semana, quando o chefe de uma grande facção criminosa envolvida com o tráfico de drogas, os Choneros, fugiu da prisão e uma série de ataques ligados ao crime organizado incendiou o país, resultando na morte de ao menos 10 pessoas, sendo dois policiais, e num decreto de estado de emergência com duração de 60 dias, anunciado pelo presidente, Daniel Noboa.

A gangue liderada pelo foragido José Adolfo Macías, também conhecido como "Fito", surgiu no final da década de 1990, na cidade de Chone, localizada na província de Manabí, região oeste do Equador, e é considerada uma das mais consolidadas organizações criminosas em atuação no país, sendo fortemente associada ao cartel de Sinaloa, no México, grande produtor e distribuidor de cocaína para o mundo.

O fundado do grupo foi Jorge Busmarck Véliz España, chamado pelo apelido de “Teniente España”, que iniciou sua carreira criminosa como um pequeno traficante de drogas e viu o negócio crescendo à medida que sua carreira avançava. De acordo com o Think Tank Insight Crime, Teniente España expandiu seu território e operação, chegando a controlar as rotas internacionais de tráfico de drogas nas praias de Manta, no Equador, uma cidade costeira do Pacífico em Manabí.

No início dos anos 2000, os Choneros ganharam maior visibilidade no crime organizado ao entrarem em confronto com rivais para manter o controle sobre as rotas do tráfico de droga no Pacífico. Na época, o principal concorrente do grupo eram os Queseros, que fomentaram o uso da violência pelos Choneros, depois que os conflitos entre as partes culminaram no assassinato da esposa de Teniente España, crime orquestrado pelo líder do grupo inimigo, Carlos Vera Cedeño.

A partir do acontecimento, os Choneros foram responsáveis por dezenas mortes de membros de Los Queseros, incluindo Cedeño. Em 2007, España foi morto em um confronto com Los Queseros em Santo Domingo, na província de Manabí.

A morte do líder desencadeou uma forte crise na organização criminosa, que sofreu um revés à medida que operações policiais e assassinatos realizados por gangues rivais destituíram diversos líderes que assumiram a facção.

Inicialmente, quando as autoridades começaram a investigar o grupo, há décadas, ele era considerado um braço armado de um cartel de droga colombiano que controlava rotas de tráfico marítimo de entorpecentes do Pacífico para o México e os EUA. Com o passar dos anos, as detenções de lideranças do grupo transformaram o sistema penitenciário em um importante centro de gestão do crime organizado e recrutamento de membros, dando espaço para uma maior autonomia da gangue dentro do Equador.

Esse movimento começou com Jorge Luis Zambrano, conhecido como "Rasquiña", que assumiu o comando dos Choneros após a morte de Teniente España, iniciando uma década de transição para o grupo com sua prisão. À medida que mais membros de gangues eram presos, Rasquiña distribuía ordens mesmo atrás das grades, transformando os Choneros em uma gangue de prisão, embora o grupo também mantivesse sua presença nas ruas do Equador.

Desde 2011, os Choneros se destacam como uma das gangues prisionais mais perigosas do país, mantendo milhares de integrantes em todo o Equador. Estima-se que, atualmente, cerca de 12 mil criminosos integrem a organização. O grupo também possui operações em várias cidades, onde se envolve no microtráfico, com assassinatos por encomenda, extorsão e contrabando.

As tentativas do governo equatoriano de controlar a violência provocada por organizações criminosas nas prisões dão cada vez mais fôlego ao crescimento dos Choneros, que conquistam a lealdade e influência de outras facções menores. Apesar disso, um fator que se tornou um obstáculo para o grupo é a crise de liderança, uma vez que diferentes chefes do tráfico assumiram o crime organizado, sendo muitos eliminados pela polícia ou por inimigos.

A série de disputas internas para assumir a chefia da organização tem ameaçado o legado de poder da facção, criada há mais de uma década no país. Em 2021, o grupo se tornou alvo de uma associação de gangues menores, incluindo várias de suas antigas alianças, como os Tiguerones e os Chone Killers.

Nos dois últimos anos, os Choneros também perderam influência após a ascensão dos Lobos, que atualmente é a principal concorrente da gangue equatoriana. A facção rival se uniu a outros inimigos no crime organizado, os Tiguerones e os Chone Killers, assumindo o controle das rotas de tráfico de drogas que antes pertenciam aos Choneros.

Grande parte dos fundadores dos Choneros foi exterminada, como Jorge Luis Zambrano, o “Rasquiña”, assassinado em dezembro de 2020, e Junior Roldán, ou “JR”, morto em maio de 2023. Hoje, a organização criminosa é liderada por José Adolfo Macías Villamar, o “Fito”, que também integrou desde o início o grupo.

Ele continua sendo um dos gangsters mais proeminentes do Equador, apesar de sua detenção há mais de uma década, administrando o tráfico de drogas de dentro da prisão, em Guayaquil, de onde fugiu no último domingo (7). Não há informações claras de quem lidera o grupo de fora da prisão atualmente.

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