Paraguaios são extraditados
A Argentina anunciou ontem a extradição de seis camponeses paraguaios acusados do assassinato de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente do Paraguai, Raúl Cubas, em 2004. O grupo teve negado o pedido de refúgio apresentado à Argentina há dez dias. Os seis declararam-se em greve de fome dia 15 de agosto, quando o novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi empossado. Os acusados se dizem vítimas de perseguição no Paraguai.
Assunção - O presidente paraguaio, Fernando Lugo, anunciou ontem que não admitirá ataques de sem-terra contra agricultores no departamento (estado) de San Pedro, região central do país, acrescentando que os brasiguaios brasileiros proprietários de terra no Paraguai não devem temer ataques e desapropriações.
A declaração de Lugo foi dada em resposta à ameaça de sem-terra e políticos locais que dariam 72 horas para que o governo expulse os fazendeiros brasileiros de terras que seriam destinadas à reforma agrária. Na segunda-feira os campesinos haviam anunciado o fim de uma trégua de 15 dias com o governo. Eles reivindicam o início imediato de uma ampla reforma agrária, prevista pelo Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), o Incra paraguaio, para ser concluída só em 2023.
Ao anunciar o fim da trégua, o prefeito da cidade de Lima, Julio Franco, chegou a insinuar ameaças numa emissora de rádio de Assunção: "Neste lugar, todos temos armas de fogo. Sou portador de um revólver calibre 38 e uma pistola 9 milímetros."
As manifestações de camponeses sem-terra têm sido cada vez mais violentas no Paraguai. Há 15 dias, um sem-terra foi morto a tiros pela polícia paraguaia depois de invadir a propriedade de um agricultor brasileiro. Em setembro, 700 manifestantes bloquearam o acesso à fazenda de outro empresário brasileiro, no distrito de Aguerito.
Expectativa
Os movimentos sociais paraguaios têm grande expectativa de que Lugo um ex-bispo adepto da Teologia da Libertação promova uma reforma agrária profunda no país.
A primeira medida do presidente paraguaio veio no início do mês, quando o governo invalidou a compra de terras por estrangeiros, mas poupou os cerca de 400 mil a 600 mil brasiguaios da decisão.
Ainda ontem, o vice-presidente Federico Franco afirmou que a solução para a crise agrária no país virá "antes que ocorra algo pior". "O ministro de Interior foi autorizado a evitar enfrentamentos entre campesinos e proprietários de estabelecimentos de soja", completou Franco.
O líder do grupo esquerdista Productores de San Pedro-norte, Elvio Benítez, afirmou que "o presidente Lugo não deve temer o Brasil, porque a terra é dos paraguaios".
Segundo Benítez, algumas organizações deram prazo até a noite de quinta-feira para que o governo "comece a recuperar a soberania paraguaia".
"No departamento de San Pedro temos em vista umas 15 fazendas produtoras de soja, em poder de brasileiros, que vamos ocupar e resistir até o final se o governo não desalojar os usurpadores", afirmou Benítez.
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