Assunção - Martín Almada descobriu em 1992, nos arredores de Assunção, papéis sobre as ações da polícia política da ditadura Alfredo Stroessner (1954-89) no Paraguai. O achado dos chamados "Arquivos do Terror ajudou a desvendar a Operação Condor sistema coordenado de repressão que envolveu regimes militares sul-americanos, incluindo o brasileiro e municiou a abertura de várias ações judiciais sobre crimes cometidos nos anos 70 e 80 na região.
Ontem, ao lado de militares, o ex-preso político de 72 anos participou de outro momento histórico. Desceu aos sótãos do Ministério da Defesa paraguaio para declarar aberta ao acesso público uma tonelada de papéis secretos das Forças Armadas que abrangem das guerras do século 19 aos dias atuais.
A abertura foi determinada pelo presidente Fernando Lugo e responde ao pedido feito, em 2008, pelo relatório final da Comissão da Verdade e Justiça (CVJ) sobre o governo Stroessner. O regime matou ao menos 59 pessoas, e outras 336 desapareceram.
"É um feito histórico para toda a América Latina, comemorou Almada, em conversa por telefone. "Pode permitir a criação de novas ações judiciais. Pode municiar as investigações que estão em curso aqui, na Espanha, na Argentina, no Chile.
No Paraguai, não houve lei de anistia, e crimes cometidos pela ditadura estão sendo investigados. Na Argentina e no Chile, as leis foram revogadas. No Uruguai e no Brasil, há discussão sobre o tema.
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