O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, alvo de impeachment na sexta-feira passada após um polêmico julgamento político, afirmou nesta quarta-feira em entrevista à Agência Efe que rejeita a ideia de sanções econômicas do Mercosul contra o Paraguai.
"Nesta manhã, tive uma reunião com um grupo de camponeses que vendem pinhas e mandiocas na região. Eu não gostaria que os mais esquecidos, os que privilegiamos em nosso governo, fossem também prejudicados com uma sanção econômica", declarou Lugo.
No entanto, o ex-governante pediu que a comunidade internacional "chame a atenção" da classe política paraguaia.
Brasil, Argentina e Uruguai se reunirão nesta sexta-feira em Mendoza (Argentina), por ocasião da Cúpula do Mercosul, para analisar a crise política no Paraguai, que não pôde comparecer ao encontro por ter sido suspenso do bloco devido aos últimos eventos.
Também em Mendoza e no mesmo dia, será realizada uma cúpula extraordinária da União de Nações Sul-americanas (Unasul) para tratar do caso do Paraguai. As duas reuniões serão realizadas de forma conjunta.
Lugo ressaltou que os acontecimentos em seu país "não passaram despercebidos em nenhum organismo internacional nem nacional". Em sua opinião, "os principais afetados são os membros do Mercosul".
O ex-bispo, que chegou a sinalizar sua participação na Cúpula do Mercosul, justifica sua decisão final de se ausentar do encontro "para não influenciar" nem fazer com que ninguém se sinta "comprometido com o processo paraguaio".
A meta para ele é que, após essa reunião multilateral, o processo democrático em seu país se fortaleça e "volte ao seu estado natural". "Para isso, é preciso dar uma espécie de chamada de atenção à classe política paraguaia, que realizou um julgamento político irracional".
Perguntado sobre o que se refere com uma "chamada de atenção", Lugo respondeu que não pode "nem sequer sugerir" algo, mas acredita que, "com as informações que os presidentes têm, eles podem saber e entender, assegurando toda a força democrática da região".
"Algo é preciso fazer", advertiu o ex-presidente, que no entanto considera "muito difícil" voltar à Presidência e esclarece que esse não é o objetivo das manifestações pacíficas que promoveu desde o início da semana.
Além disso, Lugo afirmou à Efe que pretende entrar na Justiça para contestar seu caso em instâncias internacionais, assim que esgotados todos os recursos judiciais em seu país.
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