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Crise

Lugo troca comando militar em meio a rumor de golpe de Estado

Fernando Lugo passa em revista  às tropas durante cerimônia militar em Assunção: ameaça de aquartelamento de militares e policiais forçou presidente a substituir a cúpula das Forças Armadas | Norberto Duarte/AFP
Fernando Lugo passa em revista às tropas durante cerimônia militar em Assunção: ameaça de aquartelamento de militares e policiais forçou presidente a substituir a cúpula das Forças Armadas (Foto: Norberto Duarte/AFP)

Assunção - Os novos comandantes do Exér­­cito, da Marinha e da Força Aérea do Paraguai assumiram os cargos ontem, um dia depois que o presidente do país, o ex-bispo Fernando Lugo, destituiu os antigos chefes militares, em meio a rumores a respeito de um golpe militar.

Pouco mais de cinco meses depois da última mudança na chefia militar, ocorrida em 20 de maio último, Lugo realizou uma nova reforma, ordenando a destituição do comandante do Exército (general Juan Óscar Velázquez); da Marinha (contra-almirante Claudelino Recalde) e da Força Aérea (general Darío Dávalos).

Os três foram substituídos, respectivamente, por Bartolomé Pineda (Exército); contra-almirante Egberto Orué (Marinha) e general de brigada Hugo Gilberto Aran­­da (Força Aérea).

De acordo com o jornal paraguaio Última Hora, antes mesmo de substituir Recalde, o novo chefe da Marinha já encontrou a primeira dificuldade: o roubo de ar­­mas que estavam em exposição no Museu Militar. Ele disse que o episódio será investigado.

"Não há nenhuma suspeita por enquanto, no momento estamos investigando. As armas são da Dimabel (Direção de Material Bélico) e estavam em exposição’’, afirmou Orué, acrescentando que o aviso a respeito do desaparecimento foi divulgado na noite de quarta-feira.

Segundo ele, o roubo chama a atenção, já que o museu fica dentro de um prédio militar.

As mudanças na cúpula militar foram anunciadas em um comunicado pelo porta-voz militar coronel José Manuel Cáceres.

Lugo, cuja ascensão ao poder liderando uma ampla aliança ideológica rompeu a hegemonia do Partido Colorado após 61 anos, negou qualquer quebra do processo democrático, garantindo que as Forças Armadas do país "não se prestaram a nenhum golpe’’, embora tenha dito que havia "bolsões golpistas’’ entre os militares, que manteriam reuniões com políticos da oposição.

"Posso lhes assegurar, como comandante-em-chefe das Forças Armadas da Nação, que institucionalmente não há perigo de golpe, pelo menos, promovido pelos militares’’, disse ele em uma en­­trevista coletiva.

A declaração foi uma resposta aos rumores de um aquartelamento de militares e policiais que se espalharam pelo fim de semana em meio a relatos de ameaças de bomba em centros noturnos de Assunção.

Lugo disse que esses rumores eram relacionados com a transferência de oito tanques de fabricação brasileira que foram consertados em uma localidade do estado brasileiro de Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai.

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