O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem à noite em Cuba para visitar Fidel Castro e negociar investimentos milionários com o governo de Raúl Castro, que enfrenta uma dura crise econômica. Lula está acompanhado de vários ministros e empresários.
Esta é a quarta viagem do presidente brasileiro a Cuba desde que chegou ao poder, em janeiro de 2003. Hoje Lula visitará o porto de Mariel, onde o Brasil tem investimentos, depois terá um encontro com Fidel, presidirá a sessão de grupos de empresários de ambos os países e se reunirá com Raúl Castro.
Lula conversará com Fidel, que delegou o poder ao seu irmão quando ficou doente em 2006, sobre "assuntos da realidade internacional", segundo o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach.
A visita do brasileiro, anunciada pelo jornal oficial Granma, tem um grande significado político e, sobretudo, econômico para a ilha comunista, que necessita de investimentos em setores estratégicos que gerem divisas e dinamizem a combalida produção agrícola.
"Temos um acordo importante de investimentos para recuperar o porto de Mariel. É um investimento prioritário em Cuba. Além disso, temos interesse em fazer novos investimentos na rede hoteleira e nas estradas", disse Lula antes de viajar para Cancún, no México, onde participou na segunda-feira e ontem da Cúpula de Integração da América Latina e do Caribe.
O Brasil aprovou créditos a Cuba de cerca de US$ 950 milhões, US$ 350 milhões para a venda de alimentos e US$ 600 milhões para investimentos em agricultura e infraestrutura. O governo brasileiro elaborou um plano de créditos para Cuba de US$ 1,2 bilhão até 2012, que contempla investimentos em cultivo de arroz e cana-de-açúcar e na indústria farmacêutica.
Direitos humanos
Embora a visita seja essencialmente econômica, no plano político 50 presos, que Havana considera "mercenários" de Washington, pediram a Lula em uma carta que interceda ante Raúl Castro por sua libertação.
Ontem, um preso político cubano adotado pela Anistia Internacional morreu após 85 dias de greve de fome em reivindicação por melhores condições de detenção, disseram ativistas. Orlando Zapata Tamayo, de 44 anos, morreu em um hospital de Havana.