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Lula e o rei da Jordânia, Abdullah, em Amã: reclamação pela falta de representatividade internacional da ONU | Ali Jarekji/Reuters
Lula e o rei da Jordânia, Abdullah, em Amã: reclamação pela falta de representatividade internacional da ONU| Foto: Ali Jarekji/Reuters

Entrevista

Entrevista com Moshe Maoz, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Para o professor Moshe Maoz, da Universidade Hebraica de Jerusalém, uma das maiores autoridades israelenses em Síria e na conturbada relação entre Damasco e Jerusalém, o Brasil não tem nada a acrescentar nas negociações de paz entre os dois países, congeladas há mais de um ano. Maoz diz que o presidente Lula pretende construir uma imagem de líder mundial ao tentar se envolver no conflito.

O Brasil é um bom candidato a entrar no papel da Turquia como moderador das negociações de paz entre Israel e Síria?

Não, não. O Brasil não vai acrescentar nada. Sempre tem alguém que decide fazer a paz por aqui, mas não dá em nada. Principalmente no caso do Lula, que não tem nenhuma influência nesta região. Pelo que vi, ele nem foi muito bem recebido em Israel. O Lie­­ber­­man (ministro do Exterior, Avig­­dor Lieberman) até o boi­­cotou. Na verdade, o único país que importa nessa negociação entre sírios e israelenses são os Estados Unidos. Os próprios sírios dizem isso.

Mas Lula enviou o chanceler à Síria.É perda de tempo?

São coisas da diplomacia. Mas não vai levar a lugar nenhum. Na verdade, nem tenho certeza de que ele tem um sinal verde do governo israelense para fazer algo nesse sentido.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu teria dito a Lula que está disposto a negociar com a Síria...

Netanyahu diz isso a muita gente. Assim como o Assad (o presidente sírio Bashar al-Assad), que também diz isso para muita gente. Tem muito de retórica aí.

O senhor acha que Lula interpretou errado os sinais de Netanyahu?

Pode ser. O mais provável é que Bibi tenha tentado impressionar o Lula ao demonstrar que quer a paz. E que o Lula esteja querendo impressionar a outros dizendo que quer ajudar.

No último dia da viagem pelo Oriente Médio, o presidente Lula criticou a ONU, ontem em Amã, na Jordânia. Para ele, falta envolvimento das Nações Unidas no processo para se alcançar um acordo de paz entre as nações da região.

Lula falou de paz nos encontros que manteve com líderes de Israel, Cisjordânia e Jordânia. Para ele, as negociações devem reunir mais componentes para se tentar chegar a um acordo, reiterando a vontade do Brasil de colaborar na tentativa de solucionar o conflito.

"O Brasil precisa participar, colocar sua experiência, e ver se a gente consegue resolver um problema que está insolúvel desde muitas décadas", afirmou Lula a jornalistas na capital da Jordânia, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto.

Para ele, o processo de paz sofre porque há muitas pessoas envolvidas que estão distantes e não se falam por razões e rivalidades históricas.

"Sinto que há pessoas que são parte da solução, mas que atualmente estão distantes porque falta uma aproximação e interlocutores que possam colocá-los na mesma mesa", afirmou.

Antes de voltar ao Brasil, de­­pois da viagem que incluiu encontros com lideranças políticas em Israel e na Cisjordânia, Lula disse que o Brasil, por sua "índole pacífica", tem a aprovação dos dois lados do conflito para se envolver mais no processo.

"O Brasil precisa participar, colocar sua experiência, e ver se a gente consegue resolver um problema que está insolúvel desde muitas décadas", afirmou Lula a jornalistas em Amã, capital da Jordânia, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto.

Lula, o primeiro presidente brasileiro a visitar Israel, afirmou que a ONU deveria ter um papel mais ativo nas conversas entre israelenses e palestinos, e voltou a reclamar da falta de representatividade da entidade internacional.

Segundo o presidente, a ONU deveria estar comprometida com a paz no Oriente Médio da mesma forma que participou da criação do Estado de Israel.

"A ONU, na sua importância de governante global, se tivesse a representativade que deveria ter, poderia estar negociando o processo de paz. Na medida em que a ONU não cumpre esse papel, fica por conta das ações bilaterais dos países que têm relações hora com os israelenses hora com o mundo árabe", afirmou.

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