O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu nesta quinta-feira cobranças por parte de países ricos para que o Brasil preserve o meio ambiente criticando a recente exportação para o país de contêineres repletos de lixo.
Segundo Lula, a saída será mandar os dejetos de volta para a Inglaterra, de onde vieram cerca de 1.600 toneladas de lixo, incluindo seringas, camisinhas, fraldas usadas, banheiros químicos, entre outros produtos.
"Eles (países ricos), que são tão limpos e que querem despoluir tanto, mandam para cá contêineres de lixo dizendo que é para reciclar. Mas quem vai reciclar uma camisinha? Quem vai reciclar um lixo hospitalar?", disse em discurso na abertura da feira internacional de produtos orgânicos, em São Paulo.
"Só temos uma saída, que é devolver os contêineres para onde vieram. Não queremos exportar nosso lixo e não vamos importar lixo dos outros."
O Brasil anunciou que vai devolver os 89 contêineres que chegaram da Inglaterra para os portos de Rio Grande (RS) e Santos (SP) sob a fachada de polímero de etileno para reciclagem, e multará as três empresas que importaram o lixo.
Lula cobrou do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, presente no evento, que uma investigação seja realizada pela Polícia Federal, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e Ministério Público.
A agência ambiental britânica informou, em nota, nesta quinta-feira que três pessoas foram presas como parte das investigações sobre os contêineres enviados ao Brasil e que está em contato com transportadoras responsáveis para repatriarem o material à Inglaterra.
"A agência ambiental planeja realizar uma investigação dos contêineres assim que forem liberados pelas autoridades brasileiras e retornarem ao Reino Unido", disse a agência no comunicado.
Lula usou essa suposta exportação irregular como contraponto a críticas de países ricos, que, segundo ele, fazem campanha pelo mundo afirmando que a Amazônia está sendo invadida pela pecuária e pelas culturas da soja e da cana-de-açucar.
O presidente também relatou que os europeus criticaram o etanol brasileiro por empregar trabalho escravo na produção da cana. Ele disse que recentemente o governo fez um acordo com usineiros e trabalhadores de cana estabelecendo critérios de humanização desse tipo de trabalho.
No final do ano, quando haverá uma discussão sobre um novo pacto climático, em Copenhague, Lula disse esperar que os países desenvolvidos se comprometam a preservar o meio ambiente, reduzindo as emissões de gases do efeito estufa.