Recém-chegado de Copenhague, na Dinamarca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou nesta segunda-feira (21) um pouco da sua decepção com os resultados da Conferência da ONU sobre o Clima (COP-15), encerrada no sábado passado. Em conversa com jornalistas pela manhã, avaliou que outros países "não evoluíram" e culpou os Estados Unidos e as metas pífias apresentadas pelos americanos pela dificuldade de avançar nas discussões.
"Nós fizemos o melhor programa, mas outros países não evoluíram porque estavam reféns da proposta americana. Aos europeus isso interessava porque eles não queriam aumentar sua meta para 30%", afirmou. Os europeus haviam apresentado uma proposta de redução de emissões que poderia ir de 20% a 30% em relação a 1990, dependendo do resultado das negociações. No entanto, o fato de os americanos terem apresentado uma meta que, na prática, representa apenas 4% na comparação com 1990 permitiu um esforço mínimo da União Europeia.
No programa "Café com o Presidente", que foi ao ar por uma cadeia de rádio nesta segunda-feira, Lula também classificou a proposta americana de redução de 4% nas emissões de "muito pouco" e foi além: afirmou que a posição dos Estados Unidos, que não é signatário do Protocolo de Kyoto, incentivou os demais países a quererem abandonar o que já havia assinado para não terem mais compromissos.
"O que aconteceu é que os Estados Unidos, ao tomarem essa atitude, fizeram com que muitos países europeus mais o Japão, que são signatários do Protocolo de Kyoto, quisessem acabar com ele, não deixando nada no lugar, para que eles também não tivessem mais os compromissos com metas e também não tivessem mais os compromissos com o financiamento, o que era muito grave", avaliou.
Apesar de ter saído com uma ótima imagem da COP-15, como o País que mais se esforçou para tirar algo de concreto de um encontro fadado ao fracasso pela má vontade de vários lados, o presidente brasileiro sentiu a frustração de ter ido a Copenhague para sair com um acordo pífio. "Se tivéssemos negociado por mais um mês acho que teríamos fechado um acordo", afirmou. Revelou, no entanto, que espera mais da COP-16, no final do ano que vem no México, já que haverá mais um ano de negociação.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse claramente que considerou um fracasso e uma frustração o resultado do encontro. Criticou não apenas os Estados Unidos, mas países como Cuba e Venezuela, que relutaram, no final, a aprovar o texto acordado, mesmo sendo fraco, para não votar com os americanos. "Foi muita gente olhando para o seu próprio umbigo e um clima de desconfiança muito ruim", disse à reportagem quando embarcava de volta para o Brasil.
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