Brasília Em meio ao debate sobre o bate-boca entre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o rei da Espanha Juan Carlos, ocorrido sábado em Santiago (Chile), durante a Cúpula Ibero-Americana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ontem em defesa do colega do país vizinho. "Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa, inventam uma coisa para criticar agora; por falta de democracia na Venezuela, não é", disse.
Numa entrevista no Itamaraty, onde almoçou com o presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Nino Vieira, Lula afirmou que não falta democracia e discussão na Venezuela. "Democracia é assim: a gente submete aquilo que acredita, o povo decide e a gente acata o resultado. Se não, não é democracia", disse.
Além de defender o ingresso da Venezuela no Mercosul, ele lembrou que está há cinco anos no poder, vai chegar a oito e, nesse período, acompanhou duas eleições para prefeitos. Na Vene-zuela, ressaltou, já houve três referendos, três eleições e quatro plebiscitos.
Ao comentar o bate-boca entre Hugo Chávez e Juan Carlos, Lula disse que não ficou constrangido. "Somos um conjunto de países democráticos que fizeram uma reunião democrática onde todos têm o direito de fala", afirmou.
Lula disse avaliar que não houve exagero por parte de Chávez, que chamou o ex-primeiro-ministro espanhol José Maria Aznar de "fascista", causando a irritação do rei. "Houve uma fala do Chávez que o rei achou que era demais, que era uma crítica ao ex-primeiro ministro da Espanha, que tinha o apoiado o golpe (tentativa de golpe na Venezuela, em 2002)", relatou Lula. "E a diferença, qual é? É que o rei estava na reunião. E quem falou 'cala-te' foi o rei. Ou seja, não foi um de nós. Entre nós, divergimos muito."