O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira na Suécia, durante cúpula Brasil-União Europeia, que o Brasil não pode assumir uma meta de desmatamento zero.
"Nem se o Brasil fosse careca poderia assumir uma meta de desmatamento zero, porque sempre vai haver alguém que vai cortar alguma coisa. O que o Brasil está fazendo é algo muito revolucionário e muito forte", disse Lula em Estocolmo, em entrevista divulgada pela Presidência da República.
Lula reagia a um pedido do grupo Greenpeace, que realizou um ato em frente à sede da cúpula.
O presidente defendeu os níveis de desmatamento do Brasil, ao afirmar neste ano o país vai alcançar o menor nível dos últimos 20 anos. O país, segundo Lula, assumiu também um compromisso de, até 2017, reduzir em 70 por cento o desmate e, até 2020, cortar em 80 por cento.
As metas constam do Plano Nacional sobre a Mudança do Clima enviado ao Congresso.
"É uma meta que vai precisar do esforço incomensurável da sociedade brasileira", reconheceu.
Ao lado de Lula, o presidente da Comissão Europeia, João Manuel Durão Barroso, defendeu as metas do governo brasileiro.
"Consideramos que a meta do plano nacional para o clima do Brasil em termos de desmatamento é bastante ambiciosa. Em teoria, pode sempre haver mais ambição, também na Europa podemos sempre ter mais ambição, mas parece-nos que é uma meta ambiciosa", disse Barroso.
Para ele, outros países da área tropical, com grandes zonas de floresta, deveriam fazer esforço comparável ao do Brasil.
Tanto o presidente Lula quanto o presidente da Comissão Europeia se disseram favoráveis a que os países assumam de forma transparente sua participação na redução de emissão de gases causadores do efeito estufa e assumam suas responsabilidades com o meio ambiente. O tema será foco da cúpula do clima a ser realizada em dezembro em Copenhague, Dinamarca.
"Vamos parar de falar de forma genérica e vamos saber como cobrar de cada país", afirmou Lula.