O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (16) a iniciativa de seu colega venezuelano, Hugo Chávez, de propor a realização de um referendo sobre a possibilidade de implantação de um sistema de reeleição ilimitada para presidente da República e outros cargos do Poder Executivo da Venezuela.
Lula, no entanto, fez a ressalva de que não considera esse o caminho para o Brasil. "Obviamente, eu vou trabalhar para fazer o meu sucessor", disse o presidente brasileiro, durante entrevista em El Diluvio, no norte da Venezuela, onde visita o Projeto Agrário Socialista Planície de Maracaibo.
Sobre as pretensões do presidente venezuelano, Lula declarou: "Chávez é jovem e aguenta um novo mandato". Ele insistiu em que a questão da reeleição está relacionada "à cultura e à vontade de cada povo".
O presidente brasileiro argumentou que o processo democrático se traduz na garantia a todos os candidatos de participarem dos pleitos eleitorais nas mesmas condições. Lula foi questionado sobre o tema da reeleição enquanto estava ao lado de Chávez, no sétimo encontro bilateral do mecanismo de reuniões trimestrais entre os dois presidentes.
O presidente brasileiro aproveitou para dar uma alfinetada no seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Ele afirmou que, se a economia brasileira estivesse bem no período de 1998 a 2002, e as pesquisas indicassem alta popularidade do então presidente, teria aparecido um deputado com uma proposta de emenda constitucional para uma nova reeleição.
Esquerda
Segundo Lula, o questionamento de projetos de reeleição surgem apenas para candidatos de esquerda que se mostram mais fortes. Insistiu em que "ninguém perguntou" ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, sobre a intenção dele de aprovar a reeleição em seu país.
O presidente disse também que ninguém questionou os primeiros-ministros de países europeus que se mantiveram nos cargos por longos períodos, como a britânica Margareth Thatcher.
Na avaliação do brasileiro, caberá aos eleitores venezuelanos definirem se querem ou não a reeleição ilimitada, que será motivo do referendo marcado para 15 de fevereiro, e se querem ou não um novo mandato para Chávez.
"O dia em que o povo não quiser mais, não vai votar em você, vai votar em outro", afirmou Lula, dirigindo-se ao colega. Em um descuido, Lula chamou de "boliviano" o povo venezuelano, e corrigiu rapidamente o deslize.
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