Lula diz que as Farc devem chegar ao poder pela via democrática

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (5) em São Paulo, durante encontro com a ex-senadora franco-colombiana Ingrid Betancourt, que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) devem disputar o poder pela via democrática.

O presidente citou vários exemplos da América do Sul para afirmar que o voto é a melhor forma de chegar ao poder.

"A grande chance que as Farc têm de governar a Colômbia é acreditar na democracia. É fazer o jogo democrático como nós fizemos aqui", disse Lula, após lembrar que, além dele, outros líderes de esquerda chegaram ao poder pela via democrática, entre eles Rafael Correa, do Equador, e Hugo Chávez, na Venezuela. "Não se ganha eleição seqüestrando pessoas", disse Lula, se referindo às Farc.

O presidente, cujo encontro durou mais de três horas com Ingrid, evitou responder quando questionado se ela poderia ser uma boa candidata para governar a Colômbia. "Não posso dar palpite. Não estou falando sobre as eleições nem no meu país".

Ingrid afirmou que veio ao Brasil para agradecer o esforço do presidente Lula para abrir espaços de negociação que possibilitassem a libertação de reféns das Farc.

A ex-senadora afirmou que espera que se "abram oportunidades de reflexão política porque não há motivos que justifiquem manter pessoas seqüestradas".

De acordo com ela, Lula tentou abrir negociações mesmo nos momentos em que falar a respeito dos reféns das Farc era considerado tabu. A colombiana, que vem pela primeira vez ao Brasil depois de sua libertação, afirmou que é um sonho estar no país.

"É um sonho, queria vir ao Brasil antes do seqüestro. Tenho muitos amigos no Brasil e quero agradecer as pessoas que pensaram em mim e sofreram comigo."

O presidente Lula afirmou que foi "uma conquista da humanidade a libertação de Ingrid Betancourt" e defendeu a continuidade dos esforços para libertar os outros reféns das Farc que ainda estão na selva. Lula também elogiou a disposição de Ingrid para o diálogo.

"Uma pessoa após sete anos no cativeiro é uma pessoa que pensa em construir, ao invés de ficar com mágoa do passado", disse Lula.