O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou os territórios palestinos nesta quarta-feira mais otimista com a possibilidade de um acordo de paz no Oriente Médio, e disse que a recente desavença entre Israel e os EUA pode ser a "mágica que faltava".
Lula, em entrevista coletiva conjunta com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, citou a crise diplomática provocada pela ampliação de um assentamento judaico como algo que pode abrir as portas para um acordo entre palestinos e israelenses.
"O que parecia impossível aconteceu: os Estados Unidos tendo divergência com Israel. Isso era uma coisa praticamente impossível e, quem sabe, essa divergência era a coisa mágica que faltava para que se chegasse ao acordo", disse Lula a jornalistas, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto.
"Acredito que uma desavença inesperada entre dois aliados pode ser a chave do sucesso do acordo que precisa ser construído", acrescentou Lula, que esteve em Israel antes de visitar a Cisjordânia.
Israel irritou os EUA e os palestinos ao anunciar na semana passada um projeto para construir 1.600 casas para colonos em Jerusalém Oriental.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou nesta quarta-feira o presidente dos EUA, Barack Obama, e conversou por telefone com o vice dele, Joe Biden, numa tentativa de apaziguar a crise, após a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, ter dito que o projeto era um "insulto".
Lula, que repetiu a intenção do Brasil de contribuir para o processo de paz no Oriente Médio, disse que está disposto a ouvir todas as partes envolvidas no processo, incluindo o Hamas, facção palestina rival da Fatah de Abbas e que governa a Faixa de Gaza de forma independente.
"O Brasil deve estar disposto a conversar com quem quer que seja, com quem quer que tenha importância na mesa de negociação, com quem quer que possa influir, para que a gente conclua o acordo de paz no Oriente Médio", afirmou o presidente, que inaugurou, em Ramallah, a rua Brasil, localizada em frente à sede da ANP e visitou o mausoléu do líder palestino Yasser Arafat.
"Não existe força política, de direita ou de esquerda, que se puder ajudar, que o Brasil não tenha disposição de conversar."
O presidente iniciou sua viagem ao Oriente Médio por Israel no domingo e se tornou o primeiro presidente brasileiro a visitar o Estado judaico. Nesta quarta-feira ele deixou a Cisjordânia a caminho da Jordânia, onde encontrou-se com o rei Abdullah 2o e a rainha Rania.
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