O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não responderá com bravatas à decisão do governo boliviano de assumir o refino de petróleo no país, reagindo a acusações de seus adversários que o responsabilizaram pelos prejuízos à Petrobras naquele país. Lula afirmou que o Brasil tem interesse de continuar fazendo negócios com a Bolívia, mas cobrou cumprimento dos marcos regulatórios e dos contratos.
O que eu posso afirmar é que o Brasil tem mais responsabilidade por ter maior economia. Por ser o maior país da América do Sul. Então, o Brasil tem de ter mais responsabilidade. É por isso que eu nem sempre posso responder como algumas pessoas gostariam que eu respondesse, com a bravata, com o grito, com o rompimento disse Lula na manhã deste sábado, acrescentando que, para atrair investimentos externos a Bolívia precisa ter "tranqüilidade política e seriedade jurídica".
Lula, que participou de comício na capital de Sergipe, na noite de sexta-feira, procurou afastar qualquer conotação eleitoral da crise com a Bolívia. Para Lula, um presidente não pode fazer política externa jogando para o público interno.
Toda vez que um presidente da República deixa de funcionar como estadista, começa a pensar eleitoralmente. Veja, eu estou em uma campanha. Tudo o que poderia acontecer de bom para mim era dar uma de engrossar com a Bolívia. Mas, como eu conheço aquele país, conheço aquele povo, conheço quem está no governo, por que que eu haveria de engrossar, se eu posso encontrar uma solução negociada disse Lula, acrescentando:
Veja, por esse negócio eleitoral, o Bush foi à guerra com o Iraque e o que é que deu aquilo? No que é que resultou? Em nada. E eu não quero isso.
O presidente disse acreditar "piamente no bom senso e na negociação" e voltou a insistir que não vai discutir os acordos entre os dois países pela imprensa. Segundo Lula, no caso da Bolívia, é preciso ter traqüilidade para negociar, pois o governo é novo, heterogêneo e enfrenta problemas de auto-afirmação interna.
Eu tinha conversado com o presidente Evo Morales, nós tínhamos pactuado que qualquer coisa que acontecesse entre nós seria acordado entre o nosso mistro de Minas e Energia, o presidente da Petrobrás e o ministro deles. Tinha até sugerido que se parasse de fazer negociação pela imprensa, porque pela imprensa a gente não negocia afirmou.
Lula disse que o governo brasileiro tem interesse em manter boas relações com a Bolívia, ressaltando que, no caso da exploração de Petróleo na Bolívia, há acordos e contratos assinados.
Alguém querer fazer bravata aqui ou ali não dá resultado. É prejuízo para o povo boliviano, prejuízo para o povo brasileiro. A Bolívia tem quase 3 mil km de fronteira com o Brasil e temos interesse em manter tranqüilidade na Bolívia. A paz na Bolívia significa tranqüilidade para o Brasil também. Nós não queremos conturbação. Nós sabemos da diferença de poder econômico, de poder industrial entre o Brasil e a Bolívia. O Brasil tem obrigação com seus parceiros menores disse Lula.
O presidente afirmou que terá "toda a paciência do mundo" para negociar com o governo boliviano, mas disse que essa articulação tem limite. Para Lula, as negociações serão mais tranqüilas depois da demissão do ministro dos Hidrocarburetos da Bolívia, Andrés Solis Rada.
Eu quero tudo acordado, com a maior tranqüilidade. Agora, essas coisas também tem limite. Se não houver da parte do governo boliviano, interesse de fazer as coisas tranqüilas como quero fazer, então, o que vai acontecer? Um rompimento? Eu não quero que isso aconteça. Eu não quero porque eu trabalho com a hipótese de que a América do Sul se desenvolva, que os países da américa do sul que tem fronteira com o Brasil, tenham chance disse.
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