O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, em Madrid, que uma solução para o impasse envolvendo o programa nuclear do Irã dependerá da disposição de negociar dos países que formam o Conselho de Segurança da ONU.

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Os comentários do presidente foram feitos após os cinco membros permanentes do Conselho -- EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China -- concordarem com um esboço de resolução com novas sanções à República Islâmica.

A decisão de buscar uma quarta rodada de sanções foi tomada no dia seguinte a Brasil e Turquia mediarem, durante visita de Lula a Teerã, um acordo de troca de combustível nuclear com o Irã, que tinha o objetivo de evitar a imposição de sanções ao país.

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"Nós fizemos exatamente o que os Estados Unidos queriam fazer há cinco, seis meses atrás. Qual era o grande problema do Irã? Era que ninguém conseguia fazer o Irã sentar na mesa para negociar", disse Lula em discurso durante almoço-conferência do seminário "Brasil: Parceria para uma Nova Economia Global".

Pelo acordo, o Irã enviará 1,2 mil quilos de seu urânio de baixo enriquecimento para a Turquia e, em troca, receberá 120 quilos de combustível para um reator de pesquisas médicas localizado na capital iraniana.

"Agora depende do Conselho de Segurança da ONU sentar com disposição para negociar, porque se sentar sem disposição para negociar, vai voltar tudo à estaca zero", afirmou Lula, segundo áudio divulgado pela Presidência da República.

Após o anúncio do acordo mediado por Brasil e Turquia na segunda-feira, autoridades iranianas afirmaram que o país manterá suas atividades de enriquecimento de urânio, ao que Estados Unidos e outras potências ocidentais se opõem.

O Ocidente suspeita que o programa nuclear iraniano tem o objetivo de construir armas nucleares, mas Teerã afirma que seu fim é a geração de eletricidade para fins pacíficos.

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Críticos afirmam que o Irã manipulou Brasil e Turquia com o objetivo de ganhar tempo e adiar a imposição de novas sanções.

Em seu discurso na capital espanhola, Lula voltou a defender uma reforma da ONU e disse que o Brasil não concorda com a governança global atual.

"É preciso mudar. É preciso levar em conta a existência da África. É preciso levar em conta a existência do Oriente Médio, e todas as suas confusões. É preciso levar em conta a América Latina. É preciso levar em conta a Índia. É preciso levar em conta o Japão. É preciso levar em conta outros continentes", defendeu.

Segundo Lula, "tem gente que defende que, quanto mais fraca forem as Nações Unidas, mais as decisões serão unilaterais".

"E aí, predomina a ideia de quem tem mais força", criticou Lula.

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