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O dissidente Hector Palácios (de boné) confirma o fim da greve de Fariñas | Rigoberto Diaz/AFP
O dissidente Hector Palácios (de boné) confirma o fim da greve de Fariñas| Foto: Rigoberto Diaz/AFP

Expectativa

Dissidentes aguardam liberdade

O governo cubano não tinha cumprido até ontem à noite a promessa de soltar os primeiros cinco dissidentes, passo inicial do acordo alcançado na quarta-feira, sob mediação da Igreja e do governo espanhol, que prevê a libertação de 52 presos de consciência na ilha.

Parentes dos opositores já estavam prontos para recebê-los antes de ser enviados para a Espanha e aguardavam somente o sinal verde de Raúl Castro.

O arcebispo de Havana, Jaime Ortega, um dos principais articuladores do acordo, tinha sido informado pelo governo cubano na quarta-feira que os cinco primeiros dissidentes seriam soltos nas horas seguintes. Outros 47 opositores deveriam ser exilados.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem como "ótimo" o acordo resultante da negociação pela libertação, até outubro, de prisioneiros políticos do regime cubano.

O anúncio da libertação foi feito na quarta-feira após meses negociações com a Igreja Católica e levou o dissidente cubano Guil­­lermo Fariñas a anunciar o fim da greve de fome que mantinha havia mais de quatro meses.

Lula, que encerrou ontem, em Johannesburgo, um giro por seis países da África, disse a jornalistas brasileiros que não estava a par das negociações entre o go­­verno cubano e a Igreja Católica.

Trata-se de uma aparente contradição com declarações dadas pelo assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, e pelo chanceler Celso Amorim.

Efeito positivo

Garcia afirmou que o presidente Lula havia feito "gestões discretas" quando esteve em Havana para se reunir com o líder cubano, Raúl Castro, em fevereiro passado.

O assessor de Lula aproveitou para alfinetar a participação es­­panhola na discussão.

Sobre a atuação do chanceler espanhol, Miguel Ángel Morati­­nos, que arrancou dos cubanos na quarta-feira a promessa de libertação dos presos, Garcia brincou que os espanhóis "pegaram carona" nas negociações.

"A bola caiu no pé deles e eles chutaram para dentro", disse Garcia.

Já Amorim, que viaja com Lu­­la, afirmou que "o Brasil age de maneira discreta". O ministro tam­­bém ressaltou que a Igreja Católica conseguiu atuar de ma­­neira eficiente "sem ser acusada de ingerência".

Diplomatas brasileiros que acompanham a visita do presidente afirmaram que o Brasil conversou sobre o efeito positivo da libertação dos refugiados com Havana, mas "sem interferir nas decisões de governo".

Na quinta-feira, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clin­­ton, comemorou o acordo, mas disse que veio tarde.

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