O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem como "ótimo" o acordo resultante da negociação pela libertação, até outubro, de prisioneiros políticos do regime cubano.
O anúncio da libertação foi feito na quarta-feira após meses negociações com a Igreja Católica e levou o dissidente cubano Guillermo Fariñas a anunciar o fim da greve de fome que mantinha havia mais de quatro meses.
Lula, que encerrou ontem, em Johannesburgo, um giro por seis países da África, disse a jornalistas brasileiros que não estava a par das negociações entre o governo cubano e a Igreja Católica.
Trata-se de uma aparente contradição com declarações dadas pelo assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, e pelo chanceler Celso Amorim.
Efeito positivo
Garcia afirmou que o presidente Lula havia feito "gestões discretas" quando esteve em Havana para se reunir com o líder cubano, Raúl Castro, em fevereiro passado.
O assessor de Lula aproveitou para alfinetar a participação espanhola na discussão.
Sobre a atuação do chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que arrancou dos cubanos na quarta-feira a promessa de libertação dos presos, Garcia brincou que os espanhóis "pegaram carona" nas negociações.
"A bola caiu no pé deles e eles chutaram para dentro", disse Garcia.
Já Amorim, que viaja com Lula, afirmou que "o Brasil age de maneira discreta". O ministro também ressaltou que a Igreja Católica conseguiu atuar de maneira eficiente "sem ser acusada de ingerência".
Diplomatas brasileiros que acompanham a visita do presidente afirmaram que o Brasil conversou sobre o efeito positivo da libertação dos refugiados com Havana, mas "sem interferir nas decisões de governo".
Na quinta-feira, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, comemorou o acordo, mas disse que veio tarde.