Chavista com o uniforme do Super Bigode, “herói” inspirado em Maduro, participa de manifestação pela anexação do Essequibo em Caracas, em dezembro| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou nesta quarta-feira (28) a Georgetown, capital da Guiana, e depois segue para São Vicente e Granadinas, deve se encontrar com chefes de Estado de dois países que protagonizam uma disputa entre si e vivem momentos radicalmente opostos nas suas economias.

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Na Guiana, após participar da Cúpula de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom), o petista vai se reunir nesta quinta-feira (29) com o presidente guianense, Irfaan Ali.

Na sexta-feira (1º), Lula estará em São Vicente e Granadinas para a cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e no pequeno país deve se encontrar com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.

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Venezuela e Guiana protagonizam uma disputa pela região do Essequibo, localizada a oeste do rio de mesmo nome e que corresponde a 70% do território guianense.

Caracas alega ter soberania sobre a área, numa disputa que vem desde o século 19, mas que ganhou temperatura no final do ano passado, quando, num contestado referendo, a população venezuelana aprovou que a ditadura chavista tomasse medidas para anexar a área.

Desde então, movimentações militares nos dois lados aumentaram a tensão e dois encontros para discutir a questão, que tiveram o Brasil como um dos mediadores, foram realizados em São Vicente e Granadinas, em dezembro, e em Brasília, em janeiro.

Um processo sobre a questão tramita na Corte Internacional de Justiça (CIJ) desde 2018, mas a Venezuela nega a competência do tribunal para arbitrar a questão.

A disputa deve ser tema das conversas de Lula com Ali e Maduro, cuja cobiça pelo Essequibo aumentou depois que a empresa americana ExxonMobil localizou grandes reservas de petróleo na região em 2015.

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A competência de Georgetown para explorar essa riqueza contrasta com a incapacidade da Venezuela, que possui as maiores reservas do produto no mundo.

Segundo números do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) da Guiana quase quadriplicou nos últimos dez anos, ao passar de US$ 4,17 bilhões em 2013 para US$ 16,33 bilhões no ano passado.

O país tem apresentado as maiores taxas de crescimento do mundo e este ano a economia guianense deve crescer 26,6%, segundo projeção do FMI, após alta de 62,3% em 2022 e de 38,4% em 2023.

Por outro lado, com sua infraestrutura petrolífera sucateada, um dos muitos desastres do chavismo, a economia da Venezuela encolheu mais de 60% entre 2013 e o ano passado (veja gráfico).

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Houve algum alívio em 2023, quando os Estados Unidos suspenderam parcialmente as sanções impostas ao setor de petróleo e gás venezuelano em razão de um acordo de Maduro com a oposição para eleições limpas este ano, o que permitiu a volta de empresas internacionais para aumentar a produção dessas commodities.

Porém, como o ditador venezuelano vem reiteradamente desrespeitando o compromisso, os americanos voltaram a impor no final de janeiro sanções ao setor do ouro e sinalizaram que devem deixar as licenças de petróleo e gás da Venezuela expirarem em 18 de abril.

A inflação é outro termômetro da diferença de momento entre Guiana e Venezuela. Enquanto o primeiro país teve uma variação média de preços de 3,8% em 2023, os venezuelanos “comemoraram” ter perdido o posto de maior inflação da América Latina, agora ocupado pela Argentina.

A variação de preços argentina foi de 211,4% no ano passado, enquanto a da Venezuela foi de “apenas” 193%. A comemoração ocorreu porque o país já teve uma inflação (em 2018) de 1 milhão por cento – o que dá uma ideia da devastação provocada por 25 anos de chavismo.

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