Brasília - Em telefonema ontem para o presidente Barack Obama, Luiz Inácio Lula da Silva pediu garantias jurídicas de que a ampliação do acordo militar entre EUA e Colômbia não vá extrapolar o combate exclusivo ao narcotráfico nem significar a instalação de bases norte-americanas em território colombiano ou seja, sul-americano.
O mesmo pedido já fora feito por Lula ao presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, durante sua recente vinda a Brasília para explicar a extensão do acordo com os EUA, sem que ele tivesse respondido sim ou não.
Lula também recebeu ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que irá ao Equador na próxima segunda-feira e à Colômbia na terça, para conversas com ministros de sua área sobre o acordo militar EUA-Colômbia e também para tentar fazer uma ponte entre os dois países. Quito e Bogotá estão com as relações diplomáticas suspensas desde o ano passado.
Nos 30 minutos de conversa com Obama, Lula também formalizou o convite para que ele se reúna com os 12 presidentes da América do Sul aproveitando a abertura da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova Iorque, de 23 a 30 de setembro.
O principal tema da reunião seria o acordo para que tropas americanas usem bases militares na Colômbia, que também foi central no encontro da União das Nações Sul Americanas (Unasul) em Quito, Equador, na semana passada, e será novamente na reunião do grupo em Bariloche, Argentina, no próximo dia 28. Uribe, que não foi à primeira, já confirmou presença na segunda.
"O presidente Lula mostrou (a Obama) que há uma sensibilidade muito grande na região, de outros países e nossa também, com a instalação das bases por conta da proximidade com a Amazônia, disse ontem o chanceler Celso Amorim, que estava com Lula durante a conversa com Obama.
"O presidente insistiu que haja garantias formais, juridicamente válidas, de que o equipamento e o pessoal não serão usados fora do estrito propósito declarado (no acordo), que é o combate ao narcotráfico, às Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e ao terrorismo, completou Amorim.
Apesar do pedido feito pelo presidente brasileiro, Obama não acenou com a possibilidade de dar garantias jurídicas e apenas disse que enviará ao Brasil um funcionário do Departamento de Estado para dar mais explicações sobre as bases militares, além das já fornecidas por outros enviados de segundo escalão do governo dos EUA.
Obama também não confirmou a reunião com os presidentes sul-americanos, alegando que estará sobrecarregado recebendo centenas de delegações de outros países para a reunião da ONU. Mas disse que vai pensar sobre o assunto.
Honduras
Sobre o golpe militar em Honduras, que Lula também abordou no telefonema, Obama fez um relato de medidas adotas pelos EUA e informou que será enviada uma missão de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) a Tegucigalpa na segunda-feira para discutir com o presidente golpista, Roberto Michelletti, a volta do presidente deposto, Manuel Zelaya.
Nota divulgada pela Casa Branca sobre a conversa diz que os presidentes conversaram para discutir questões de interesse e preocupação mútua nos Estados Unidos e América Latina.
"O presidente (Obama) reafirmou seu compromisso com relações de longa data dos Estados Unidos na região e seu desejo de trabalhar em parceria construtiva com o Brasil e outros em todo o continente para ajudar a promover a democracia, a segurança e a prosperidade dos povos das Américas, afirma a nota.
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