Nova Iorque Ao abrir os debates da 61.ª Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou os líderes mundiais de que a fome nutre a violência e o fanatismo. O discurso do representante brasileiro na abertura da Assembléia Geral já se tornou uma tradição na ONU. Lula aproveitou a último compromisso internacional antes da eleição para fazer um discurso de líder mundial, no dia em que recebeu o prêmio de estadista do ano da Fundação Apelo à Consciência. "Que não se iludam os países ricos, por mais fortes que hoje sejam, ninguém está seguro em um mundo de injustiças. A guerra jamais trará segurança, a guerra só gera monstros, o rancor, a intolerância, o fundamentalismo, a negação destrutiva das atuais hegemonias", disse Lula.
O presidente ressaltou que o mundo não alcançará a paz sem ações para uma nova ordem econômica, política e social. "Só haverá segurança no mundo se todos tiverem direito ao desenvolvimento econômico e social. Se não quisermos globalizar a guerra, é preciso globalizar a justiça", enfatizou.
Lula procurou mostrar aos representantes de 192 países o que tem feito para combater a miséria no Brasil e no mundo desde que fez um apelo por uma ação global de combate à fome e à pobreza na Assembléia Geral da ONU em 2003. O presidente disse que tem se empenhado para resolver o problema no Brasil combinando estabilidade econômica com políticas de inclusão social. O presidente ressaltou que o nível de vida dos brasileiros melhorou e que o programa de transferência de renda Bolsa Família beneficia hoje 11 milhões de famílias. Segundo Lula, se isso foi feito no Brasil, muito poderia ser feito no mundo onde 840 milhões de pessoas, quase um em cada sete habitantes passa fome.
O presidente também ressaltou os esforços que o G20 (Grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil e pela Índia) tem feito para aliviar a pobreza mundial. O presidente destacou a luta do G20 pelo fim das barreiras econômicas e por regras mais justas de comércio internacional. Segundo Lula, são necessários US$ 50 bilhões a mais por ano para atingir as metas de desenvolvimento do milênio, definidas pela ONU, no prazo estipulado de 2015. "A comunidade internacional pode fazer isso", disse Lula.
Vaga no Conselho
O presidente destacou, ainda, a importância de reformas na ONU, como a ampliação do Conselho de Segurança para incluir Brasil, Índia, Japão e Alemanha, o chamado G4. "O Brasil, juntamente com os países do G4, sustenta que a ampliação do Conselho deve contemplar o ingresso de países em desenvolvimento no seu quadro permanente. Isso tornaria o órgão mais democrático, legítimo e mais representativo", disse. Para ele, os recentes confrontos no sul do Líbano expuseram as dificuldades da ONU em lidar com os conflitos internacionais.