São Paulo O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, chegou ontem a São Paulo, onde analisará com seus colegas do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Venezuela, Hugo Chávez, o estado da integração regional, informou uma fonte oficial. Lula e Kirchner se reuniram em particular ontem à noite para discutir assuntos bilaterais.
Hoje, às 9 horas, Lula e Kirchner se juntam ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para ampliarem as discussões sobre projetos comuns na área energética.
O encontro deverá ser recheado de cobranças. Lula quer explicações de Chávez, que recentemente firmou um acordo com Bolívia, Paraguai e Uruguai para a construção de um gasoduto que nada tem a ver com a obra que está sendo negociada há cerca de um ano por Brasil, Venezuela e Argentina. Chávez será avisado ainda de que o Brasil desistirá do gasoduto se não houver garantia de abastecimento. O governo brasileiro decidiu que não entrará em um projeto que custará cerca de US$ 20 bilhões sem saber o volume exato da reserva venezuelana.
A conversa que Lula terá com Kirchner também não será fácil. O argentino quer o apoio de Lula em relação à "guerra das papeleiras" que seu país vem travando com o Uruguai. Mas o Brasil estaria inclinado a apoiar os uruguaios, que se sentem prejudicados pela Argentina, que se opõe à construção de duas fábricas de celulose no Uruguai.
Comunidade Andina
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pediu ontem ao presidente Lula que interceda na crise enfrentada pela Comunidade Andina de Nações, formada pela Venezuela, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador. A crise foi motivada pela ameaça de Chávez, que prometeu sair do bloco em protesto ao Tratado de Livre Comércio firmado pela Colômbia e pelo Peru com os Estados Unidos.
Uribe informou que fez o pedido a Lula durante a reunião de trabalho ocorrida ontem no Itamaraty para tratar da Comunidade Sul-americana de Nações, da segurança na Amazônia e de projetos de infra-estrutura e cooperação energética, como a produção de biodiesel e do etanol.
Ao fazer a defesa da posição colombiana, Uribe disse que decidiu fazer o acordo com os Estados Unidos porque essas negociações não estão atrapalhando o acordo de comércio entre a Comunidade Andina e o Mercosul. "Se a Venezuela vende petróleo para lá (Estados Unidos), porque a gente não pode vender produtos agrícolas?", questionou o presidente. Ele disse que resolveu conversar com o presidente brasileiro sobre as reformas que a Colômbia quer para a Comunidade Andina por causa do encontro que Lula terá hoje Kirchner e Chávez.
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