O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve nesta quinta-feira um rápido encontro com parentes do brasileiro Jean Charles, morto pela polícia de Londres ao ser confundido com um suspeito de terrorismo durante uma operação policial na estação de metrô de Stockwell, no sul da cidade.
Lula conversou durante 20 minutos com Alex e Alessandro Pereira e Patrícia Armani, primos do eletricista mineiro, e reafirmou a intenção do governo brasileiro de acompanhar atentamente o trâmite legal do caso.
Ministério Público britânico deverá decidir até abril se abre ou não processo criminal contra agentes e oficiais envolvidos na tragédia.
O presidente adotou um tom conciliador ao falar sobre as suspeitas de que o comando da polícia tentou acobertar detalhes sobre os incidentes de Stockwell. Lula também tentou não polemizar a postura da autoridade máxima da corporação, o comissário Ian Blair, que veio a público, dias depois do assassinato, dizer que Jean Charles provocado a ação dos policiais por conta de um suposto comportamento suspeito - argumentos refutados pelo vazamento de informações da investigação da Comissão Independente de Reclamações sobre a Polícia (IPCC).
- Trabalhamos com a confiança de que o governo e a Justiça do Reino Unido vão apurar o que tiver de ser apurado e fazer o que tiver de ser feito. Temos interesse em trabalhar de maneira integrada porque queremos que haja justiça para a família e que seja desvendado o que aconteceu. Mas tenho certeza de que o povo britânico também sentiu muito. Afinal de contas, é o tipo de incidente que ninguém gostaria de ver acontecer nem no Reino Unido, nem no Brasil ou em qualquer parte do mundo - afirmou Lula, durante uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, na sede do governo britânico, em Downing Street.
Blair, por sinal, voltou a pedir desculpas pela morte do eletricista mineiro, dizendo lamentar profundamente o episódio. O premier, no entanto, reafirmou seu apoio a Sir Ian, cuja renúncia andou sendo pedida por diversos setores da sociedade britânica nos últimos meses.
- Naturalmente, eu confio no trabalho de Sir Ian. Eu e o presidente Lula discutimos o caso Menezes e lhe dei garantias de que as investigações e procedimentos apropriados estão sendo tomados - disse Blair.
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