O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou nesta sexta-feira (21) para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e pediu ao norte-americano que se reúna com a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para falar sobre o acordo com a Colômbia para instalação de sete bases militares em solo colombiano. Os dois conversaram por mais de 30 minutos e também falaram sobre o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya para o comando de Honduras.
"O presidente Lula reiterou nossas posições e mostrou que há uma sensibilidade muito grande na região, de outros países e nossa também, com a instalação das bases por conta da proximidade com a Amazônia. O presidente insistiu que haja garantias formais, juridicamente válidas de que o equipamento e o pessoal não serão usados fora do estrito propósito declarado [no acordo], que é o combate ao narcotráfico e o combate às Farc e ao terrorismo", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que acompanhou a conversa.
No início do mês, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, visitou vários países na América do Sul para explicar os detalhes do acordo e reduzir a pressão instalada na região desde o anúncio das negociações com os Estados Unidos. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chegou a ameaçar o início de uma guerra se as bases fossem instaladas. Os Estados Unidos também enviaram ao Brasil o assessor de segurança nacional da Casa Branca, general James Jones, para explicar a negociação.
Reunião
Amorim disse que Lula sugeriu a Obama que realize uma reunião com os presidentes da região no âmbito da Unasul para restabelecer a confiança plena do continente em relação aos Estados Unidos.
"O presidente mencionou que seria muito útil ter uma reunião do presidente Obama com a Unasul, como houve em Trinidad e Tobago. Lula voltou a salientar a esperança que o presidente Obama representa para a região e o presidente Obama disse que iria ver com a equipe dele quando isso seria possível. Lula disse que o próprio presidente Obama devia inclusive fazer essa convocação", contou Amorim.
Apesar do pedido de Lula para que fossem dadas garantias jurídicas de que o acordo entre Estados Unidos e Colômbia ficará restrito ao território colombiano, Obama não acenou imediatamente com essa possibilidade. Segundo Amorim, o presidente norte-americano disse que enviará ao Brasil um funcionário do Departamento de Estado que dará mais explicações sobre as bases ao governo brasileiro.
Honduras
Amorim disse que Lula voltou a chamar a atenção de Obama para a necessidade da volta imediata do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ao poder e que uma ação mais forte dos Estados Unidos pode inclusive contribuir para melhora da relação com a América Latina.
"O presidente disse também que não se trata absolutamente que Estados Unidos intervenham na região, não se trata disso. Mas, naturalmente que dentro do marco das decisões já tomadas pela OEA [Organizações dos Estados Americanos] haja uma pressão adequada para que essas decisões sejam respeitadas, para que a democracia volte logo já que o tempo aí é fundamental", explicou o ministro.
Amorim disse que ficou acertado no telefonema que ele e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, conversarão sobre os próximos passos que devem ser dados em relação a Honduras após a missão da OEA naquele país, marcada para a próxima semana.