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Copenhague

Lula: "vamos construir o acordo possível"

Desde que chegou a Copenhague, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem se reunindo com chefes de Estado para fazer avançar as negociações da Conferência do Clima, que termina nesta sexta-feira (18). Na tarde desta quinta-feira (17), em entrevista conjunta com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que não pretende entrar para a história como um dos que afundaram o acordo climático. "Corremos o risco de sermos fotografados como os dirigentes incompetentes que não conseguiram cuidar do planeta enquanto ainda era possível", afirmou. Depois de mais de 24 horas em reuniões, Lula confessou que o tom dos que o procuravam era de total pessimismo. "Mas acredito que possamos transformar esse pessimismo em otimismo."

Entretanto, Lula e Sarkozy admitiram que os avanços obtidos até então não permitiriam um acordo razoável. "Se começássemos a trabalhar apenas amanhã (sexta) às 9 horas, não precisaríamos ter vindo antes", disse Sarkozy. "A menos que nossa presença aqui seja apenas para beber alguma coisa." Lula concordou: "Se estivesse tudo acertado, estaríamos em casa cuidando dos nossos afazeres. As dificuldades implicam que os políticos têm de entrar em ação para superar as divergências."

Para esta noite, Lula e Sarkozy, convocaram uma reunião com 25 dos principais líderes mundiais em Copenhague para negociar um acordo final. O encontro estava marcado para depois de um jantar oferecido pela rainha da Dinamarca, Margarida II. Entre os convidados, os primeiros-ministros britânico, Gordon Brown, chinês, Wen Jiabao, e da Etiópia, Meles Senawi - representando os países africanos -, além da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e da chanceler alemã, Angela Merkel, a quem Lula recebeu após Sarkozy. Outros chefes de Estado poderiam comparecer.

Na noite anterior, Lula recebeu Gordon Brown e o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Rasmussen, que foram pedir ajuda para reverter o fracasso iminente, mas também para pressionar o G77 a abrir mão de algumas posições. Ouviram de Lula que isso não seria possível se os países ricos não abrissem mão das suas posições.

As reuniões resultaram na retirada do documento apresentado durante a tarde pela Dinamarca e a decisão de trabalhar em cima dos dois textos formatados nas reuniões técnicas. "Muita coisa que queremos está no documento. Muitas coisas estão em colchetes (que sinalizam pontos sem acordo), há dúvidas, mas líderes existem para isso", afirmou Lula.

"Não vamos construir o acordo mais perfeito, mas o acordo possível de construir." A intenção é ter algo para ser lido e debatido na plenária geral, amanhã de manhã. E, principalmente, algo para assinar à tarde, antes que os 120 líderes mundiais tenham de voltar para casa com um fracasso absoluto.

No seu discurso na Conferência, Lula cobrou um acordo e a manutenção do Protocolo de Kyoto. "Aqui em Copenhague não há lugar para conformismo. Os países desenvolvidos devem assumir metas ambiciosas de redução de emissões à altura de suas responsabilidades históricas e do desafio que enfrentamos"" afirmou. "Esta conferência não é um jogo onde se possa esconder cartas na manga. Se ficarmos à espera do lance de nossos parceiros, podemos descobrir que é tarde demais. Todos seremos perdedores."

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