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Ambiente

Luta contra aquecimento global terá ano-chave em 2007

O próximo ano será crucial para saber se a inércia política terá ou não efeitos catastróficos sobre a luta contra o aquecimento global, afirmou na segunda-feira o ministro britânico do Meio Ambiente, David Miliband.

Recém-chegado das negociações inconclusivas realizadas em Nairóbi sobre como dar prosseguimento ao Protocolo de Kyoto - o acordo que prevê cortes na emissão de gases do efeito estufa e que deixa de vigorar em 2012 -, Miliband afirmou que a determinação dos políticos estava muito aquém dos dados científicos.

``A política avança de forma mais lenta do que a ciência ou a economia. Temos de investir mais energia na política'', disse o ministro, durante a conferência anual do Ministério do Meio Ambiente.

``O próximo ano será um ano absolutamente fundamental.''

Segundo Miliband, serão fatores determinantes em 2007 as posturas da Alemanha na presidência da União Européia e do Grupo dos Oito (G-8), do novo Congresso dos EUA e do novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

``Se houver um vácuo depois de 2012, o mercado de carbono entrará em colapso. A fim de evitar isso, será preciso iniciar negociações dentro de um ano'', afirmou.

O encontro de Nairóbi acertou que as negociações para levar adiante e ampliar Kyoto deveriam acontecer em 2008, mas alguns delegados criticaram a falta de uma ação firme para combater o aquecimento da Terra.

Os cientistas prevêem que, na falta de medidas drásticas para limitar a emissão de gases do efeito estufa, as temperaturas do planeta vão subir entre 2 e 6 graus Celsius até o fim do século.

Os EUA, que se retiraram de Kyoto em 2001, argumentam que as medidas impostas pelo acordo prejudicariam sua economia.

Um relatório divulgado no mês passado por Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, afirmou que as ações de combate às alterações climáticas teriam um custo equivalente a cerca de 1 por cento da produção econômica mundial. Já a demora em agir poderia custar algo semelhante a 20 por cento da produção mundial.

Alex Bowen, o conselheiro do grupo de Stern para a área econômica, afirmou no encontro que a manutenção dos níveis atuais de expansão faria com que a temperatura média da Terra subisse ao menos 5 graus Celsius até 2100, provocando várias catástrofes climáticas, econômicas e sociais.

O fenômeno significaria um aumento no número de enchentes, o agravamento do problema da falta de alimentos e a extinção de várias espécies de seres vivos.

``Uma ação coletiva e internacional é necessária. Precisamos chegar a um acordo sobre o futuro do mundo'', afirmou.

Dieter Helm, da Universidade Oxford e chefe de um painel acadêmico que aconselha o ministério de Miliband, disse acreditar que o relatório de Stern havia subestimado a dimensão do problema.

``Estamos diante de um desafio gigantesco. As chances de sustentarmos a economia mundial com base nos níveis atuais de crescimento abastecido pelo consumo e com base no crescimento populacional são muito diminutas'', afirmou.

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