O presidente da Argentina, Mauricio Macri, declarou nesta quarta-feira(18) que não vetará lei que descriminaliza o aborto caso ela seja aprovada no Senado no próximo dia 8, embora se oponha à interrupção da gravidez. O projeto já passou na Câmara e tem boa chance de ser aprovado também no Senado.
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O presidente convocou uma entrevista coletiva a fim de falar sobre economia. mas acabou indagado de surpresa se sua estratégia era estimular o debate sobre o aborto "só porque tinha certeza de que jamais seria aprovado e que isso então poderia ajudar a recuperar sua popularidade (que caiu de 58% a 35%)".
Ele abriu um pequeno sorriso e tentou escapar de polêmica. Afirmou que não vetará a lei e que sua opinião não importava. Acrescentou, ainda, que estava "feliz de que o país esteja amadurecendo a ponto de falar de temas que antes eram tabu".
O aborto é crime na Argentina e só não é punido quando a gestação é resultante de estupro ou existe risco de vida para a mãe.
Desde 1983, ano da redemocratização da Argentina, o projeto de descriminalização do aborto foi apresentado sete vezes, mas nunca havia chegado ao plenário para votação.
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A entrevista ocorreu de modo tenso, pois do lado de fora da Quinta de Olivos (residência oficial) transcorria um protesto de um grupo de cerca de 300 funcionários do Estado que haviam sido demitidos.
Macri voltou a dizer que o país passava por um momento difícil, uma "tempestade inesperada", com "a disparada do dólar e da inflação, mas que ocorreu em grande parte por conta de coisas que não dominamos, os vaivéns desse mundo volátil e a herança recebida de governos passados e décadas passadas".
O peso desvalorizou cerca de 40% ante o dólar nas últimas semanas, e a inflação já acumula 15% de janeiro até agora, patamar esperado para todo o acumulado em 2018.
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Indagado sobre a negociação de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, disse que "está um pouco travada", mas que confia na boa relação com o Brasil e na aproximação do bloco com a Aliança do Pacífico (México, Peru, Chile e Colômbia) -no fim do mês, representantes de ambos os blocos se reunirão pela primeira vez.
Sobre o Mercosul, de modo específico, disse que o bloco "tinha perdido nos últimos anos seu perfil exportador, mas voltamos a reforçar isso, estamos exportando 60% mais carne e mais em outros itens também. É a vocação do bloco e precisamos reforçá-la".
Macri disse que atacar a inflação argentina estava sendo "mais difícil do que pensávamos". "Essa tempestade nos acertou justo num momento em que estávamos crescendo, mas vamos superar isso, temos os recursos e a equipe econômica está trabalhando em várias opções."
O presidente afirmou que sua meta é baixar em dez pontos percentuais a inflação no ano que vem, e chegar a um dígito em 2020. Mas não explicou como isso ocorrerá.
Por fim, indagado sobre o alto endividamento do país, que acorreu ao Fundo Monetário Internacional em maio, Macri deu uma resposta confusa, alegando que "o governo tem que funcionar como a casa de vocês, que usa os recursos que têm, e nós não estamos fazendo isso, estamos nos endividando". "Mas não podemos nos endividar até o infinito", contemporizou.
Também para a questão da dívida, o presidente não deu resposta direta. Limitou-se a dizer que conversava com os governadores para que se possam transferir menos recursos às províncias e que estas reduzam seus gastos sociais.
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