O ex-presidente argentino Mauricio Macri (2015-2019) apontou que faltam experiência e apoio ao candidato libertário à presidência, Javier Milei, e ao seu grupo político para governar o país.
Segundo informações do jornal Clarín, Macri deu essas declarações nesta terça-feira (19), durante passagem por Villa Allende, cidade na província de Córdoba, onde participou de um ato da campanha de Patricia Bullrich, candidata à presidência da coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança.
“Entrar num governo exige, eu estava lá, desembarcar com 4 mil pessoas, 4 mil pessoas que, idealmente, tenham experiência anterior, que saibam que vão encontrar um Estado completamente dominado pelos talibãs de La Cámpora [organização política juvenil que apoia o peronismo], que não vão deixar essa mudança avançar se você não estiver preparado. Quatro mil pessoas que se conhecem, muitas entre si, para que haja coordenação”, disse o ex-presidente.
A eleição de apoiadores no Congresso argentino é um desafio para Milei: atualmente, sua coalizão, A Liberdade Avança, tem apenas três cadeiras no Legislativo, contando Senado e Câmara dos Deputados, incluindo a ocupada por ele próprio.
Além disso, Milei não ocupou cargos no Executivo argentino e sua experiência em cargos eletivos se resume à de deputado nacional, cargo que ocupa desde 2021. Já Bullrich foi ministra nos governos de Fernando de La Rúa (1999-2001) e Macri e deputada nacional em dois períodos (1993-1997 e 2007-2015).
Porém, o povo argentino não tem levado em conta essa diferença de experiência em cargos públicos: Milei foi o mais votado nas primárias em agosto, enquanto Bullrich foi apenas a terceira, posições que têm se mantido nas mais recentes pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial, que será realizada em outubro.
Ao comentar a vitória de Milei nas primárias, Macri reafirmou nesta terça-feira que aposta na maior experiência da sua ex-ministra da Segurança.
“Compreendo a indignação [do povo argentino], mas a mudança profunda com que todos sonhamos pode ser realizada por este grupo de líderes que têm se preparado, que fizeram um trabalho sério, profundo, que têm planos e que têm como líder Patricia, uma pessoa com muita experiência, que encarou desafios muito difíceis”, afirmou.
No mês passado, pouco após vencer as primárias, Milei disse que tinha a intenção de transformar Macri numa espécie de “superembaixador” argentino caso seja eleito presidente. Porém, o ex-presidente tem procurado se desvincular do libertário e, após muitas cobranças, assumiu um papel mais incisivo na campanha de Bullrich.