O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou na quarta-feira (26) que, se houver países que impeçam o regresso dos seus cidadãos expulsos pela França, haverá uma diminuição das ajudas ao desenvolvimento e disse que a posição "dura" com Tunísia, Argélia e Marrocos tem dado resultados.
"Você já deve ter ouvido falar muito sobre a tensão com Tunísia, Marrocos, Argélia, dissemos a eles que se não aceitassem os expulsos, reduziríamos os vistos. Essa atitude funcionou porque, em dois anos, expulsamos 3 mil irregulares que representavam um perigo para a ordem pública", declarou Macron em entrevista à emissora France 2.
Nesse sentido, o presidente francês também optou por condicionar a ajuda ao desenvolvimento aos países que não cooperam com as expulsões, embora tenha explicado que este mecanismo só pode funcionar se for aplicado em toda a União Europeia (UE).
Macron também esclareceu que não "estabelece uma conexão existencial entre imigração e insegurança", mas ressaltou que "ao analisar os dados de crimes em Paris, os imigrantes ilegais estão muito presentes".
Para o presidente francês, o objetivo é expulsar "100% dos estrangeiros mais perigosos que estejam em situação irregular na França".
Na longa entrevista à France 2, Macron também abordou o impacto da inflação no poder de compra, a polêmica reforma da previdência e os desafios do mercado de trabalho, em um contexto de tensão social e greves na França.
Macron defendeu uma melhor distribuição da riqueza gerada pelas empresas no país porque, segundo o governante, "há milhões de franceses com trabalho, mas que não vivem bem com ele". Por esse motivo, pediu aos empregadores que negociassem com seus funcionários.
“Não se cria valor se não for distribuído de forma justa, a primeira coisa que uma empresa deve fazer é investir e depois distribuir (riqueza) aos acionistas e trabalhadores”, reiterou.
Macron também anunciou que seu governo quer que, se uma empresa aumentar os dividendos que dá aos acionistas, implemente um mecanismo semelhante para aumentar os salários dos trabalhadores.
O presidente francês esclareceu, no entanto, que não cabe ao Estado decretar aumentos salariais porque a França "não é uma economia controlada", e alertou que um aumento salarial geral seria prejudicial devido aos muitos empregos que seriam destruídos.
"Destruiremos milhões e milhões de empregos se indexarmos a inflação aos salários", opinou.
Além disso, Macron defende a taxação de empresas que tiveram lucros extraordinários no contexto da guerra, como as empresas de energia.
O governante vangloriou-se pelo fato de que o seu país "se protege mais" do que o resto da Europa, uma vez que sua inflação é inferior (cerca de 6%), aos 10% de muitos países da zona do euro, e lembrou que a alta dos preços da electricidade e do gás foi amortecida graças aos esforços do Estado e das empresas.
“O aumento para os lares será de 15%, mas não de 100% como deveria ser”, acrescentou o presidente, que explicou que as pequenas e microempresas e pequenos municípios também serão protegidos pelo teto de aumento de preços.
Sobre o aumento da idade de aposentadoria, Macron confirmou sua necessidade em prol da saúde das contas públicas e anunciou que em 2031 os franceses se aposentarão aos 65 anos e não aos 62.
"Como vivemos mais, temos que trabalhar mais anos", comentou o presidente francês, que disse que esta é a única alternativa se não quiserem aumentar as contribuições sociais ou reduzir o valor das pensões.
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