Macron argumentou que a abaya é um símbolo religioso e defendeu a proibição do vestido muçulmano: “Eu não sei qual é a sua religião, você não sabe qual é a minha”| Foto: EFE/EPA/LUDOVIC MARIN/POOL MAXPPP
Ouça este conteúdo

O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta segunda-feira (4) a proibição da abaya - vestido que cobre o corpo das mulheres da cabeça aos pés - contra uma “minoria que desafia a laicidade” das escolas do país e disse que o governo quer “experimentar” a introdução de uniformes.

CARREGANDO :)

Em entrevista para o popular canal do YouTube HugoDécrypte - produzido pelo jovem de 26 anos Hugo Travers e que tem pouco mais de 2 milhões de seguidores -, Macron abordou questões relacionadas às preocupações dos jovens, como ecologia e saúde mental, e também educação, em um início de ano letivo que, em nível político, foi marcado pela proibição da abaya.

“A escola deve permanecer neutra: eu não sei qual é a sua religião, você não sabe qual é a minha”, defendeu Macron, argumentando que a abaya é um símbolo religioso, usado para identificar estudantes muçulmanas, e que, na luta para preservar o secularismo, os professores e diretores de escolas não podem ser “abandonados”.

Publicidade

Nesse sentido, ele advertiu que “não podemos agir como se não tivéssemos tido o assassinato de Samuel Paty”, em referência ao professor que foi morto em outubro de 2020 em um ato de terrorismo islâmico, depois de ter dado uma aula sobre liberdade de expressão na qual mostrou uma caricatura do profeta Maomé publicada pela revista Charlie Hebdo.

Macron afirmou que não está tentando traçar um “paralelo” ou estigmatizar ninguém, mas ressaltou que não se pode “varrer a poeira para debaixo do tapete”.

“Gostaria apenas de lembrá-los de que em meus primeiros cinco anos o pior aconteceu”, disse.

O presidente também disse que era contra o uso de qualquer roupa “excêntrica” nas escolas públicas, afirmando que o governo faria “experiências” com uniformes escolares obrigatórios ou códigos de vestimenta unificados.

A longa conversa, que durou cerca de uma hora, abordou outras questões, como a inflação, sobre a qual Macron alegou que “alguns grupos agroalimentares estão obtendo lucros excessivos”, e o bullying escolar, tema para o qual prometeu novas medidas nos próximos meses.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]