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Em uma “carta aos franceses” publicada nesta quarta-feira (10) no jornal Le Parisien, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que “ninguém venceu” o segundo turno das eleições legislativas, realizado no domingo (7), e pediu diálogo para que o país consiga sair da crise política.
Nas eleições antecipadas, a Assembleia Nacional da França passou a ter três grandes blocos políticos: o esquerdista Nova Frente Popular (NFP), com 180 cadeiras; a coalizão de Macron, com 159; e a direita nacionalista do Reagrupamento Nacional (RN), com 142 assentos.
Nenhum desses grupos chegou sequer perto da maioria absoluta (ao menos 289 cadeiras), o que dificulta que Macron nomeie um primeiro-ministro para formar um governo capaz de sobreviver a moções de desconfiança na Assembleia Nacional.
“Nenhuma força política obteve maioria suficiente por si só, e os blocos ou coligações que surgiram destas eleições estão todos em minoria”, escreveu Macron.
“Peço a todas as forças políticas que reconhecem as instituições republicanas, o Estado de direito, o parlamentarismo, uma orientação europeia e a defesa da independência francesa que se envolvam num diálogo sincero e leal para construir uma maioria sólida, necessariamente plural, para o país”, afirmou o presidente.
Macron disse que essa meta “pressupõe dar um pouco de tempo às forças políticas para construírem estes compromissos”.
“[Enquanto isso,] o atual governo continuará a exercer as suas responsabilidades, ocupando-se, portanto, dos assuntos do dia a dia, como é tradição republicana”, acrescentou o presidente da França.
Na segunda-feira (8), o primeiro-ministro do país, Gabriel Attal, apresentou sua renúncia a Macron, que pediu que ele permanecesse no cargo até que seja escolhido um substituto.
A NFP, coalizão que elegeu mais cadeiras no domingo, disse que apresentaria ainda esta semana ao presidente um nome para o cargo, mas ainda não o fez devido a divergências internas.
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido França Insubmissa, uma das legendas da NFP, criticou Macron por ainda não ter chamado representantes de nenhuma coalizão para conversas no Palácio do Eliseu.
“Conhecemos os resultados das eleições há três dias e o homem que dissolveu a Assembleia [Macron] não chamou ninguém. E não há interesse em começar a resolver a situação”, afirmou. (Com Agência EFE)