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Presidente russo Vladimir Putin faz um discurso durante o desfile militar do Dia da Vitória
O presidente russo, Vladimir Putin, culpou ataques ucranianos pela decisão de desligar a maior usina nuclear da Europa.| Foto: Alexey NikolskySputnik/AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, explicou neste domingo ao mandatário da França, Emmanuel Macron, o desligamento do último reator que continuava em atividade na usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, ao denunciar os “constantes ataques da Ucrânia” contra a instalação. Os líderes dos dois países realizaram uma conversa por telefone iniciada por Paris, na qual “ocorreu uma troca detalhada e franca de opiniões sobre a situação na Ucrânia e especialmente sobre questões relacionadas com a segurança da usina nuclear de Zaporizhzhia”, disse o Kremlin.

“A parte russa chamou a atenção para os ataques regulares ucranianos às instalações da central nuclear de Zaporizhzhia, incluindo o armazenamento de resíduos radioativos, que podem levar a consequências catastróficas”, de acordo com a presidência russa. Putin informou Macron “sobre as medidas tomadas pelos especialistas russos para assegurar a proteção física da estação” e enfatizou a necessidade de “influenciar as autoridades de Kiev a cessarem imediatamente os bombardeios”. “A disponibilidade de ambas as partes para manter uma interação não politizada em relação à usina nuclear com o envolvimento da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) foi expressa”, acrescentou o Kremlin.

O Exército russo ocupa desde 4 a de março a usina de Zaporizhzhia, com seis reatores e cerca de 10 mil funcionários, e há meses Ucrânia e Rússia se acusam mutuamente de ataques em torno das instalações. As autoridades russas que controlam a usina desligaram neste domingo o último reator ainda em funcionamento nas instalações energéticas, citando um bombardeio nas instalações. O diretor-geral da Aiea, Rafael Grossi, alertou na sexta-feira para a possibilidade de um acidente após um bombardeio que cortou a ligação elétrica fora da usina, a maior da Europa.

Putin aproveitou a ocasião para denunciar a suposta utilização, por parte do exército ucraniano, de armas entregues pelo Ocidente para “bombardear infraestruturas civis nas cidades do Donbas, motivo pelo qual civis estão sofrendo”.

Macron diz a Putin que usina só está em risco por causa da ocupação russa

Macron, por seu lado, instou Putin sobre a necessidade de garantir a segurança da usina e recordou que “a causa dos riscos” que afetam a instalação é “a ocupação russa”, comunicou o Palácio do Eliseu. O presidente francês pediu que a Rússia retirasse as suas armas pesadas e leves e que as recomendações da Aiea fossem seguidas para garantir a segurança da região.

Macron permanecerá em contato nos próximos dias com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com Grossi, da Aiea, e com o próprio Putin para tentar chegar a um acordo sobre Zaporizhzhia.

Os líderes também discutiram a segurança alimentar global e concordaram que os cereais exportados dos portos do Mar Negro devem ser enviados para os países em desenvolvimento. O presidente russo insistiu que a Comissão Europeia não deveria colocar obstáculos à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos para mercados na África, no Oriente Médio e na América Latina.

Macron disse a Putin que as sanções europeias contra a Rússia pela sua invasão da Ucrânia “não se aplicam aos produtos agrícolas ou àqueles necessários à agricultura”, e recordou à comunidade internacional, incluindo a Rússia, a sua responsabilidade de assegurar que “os países mais expostos recebam os produtos que necessitam”.

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