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O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quinta-feira (23) a suspensão da polêmica reforma do censo eleitoral que provocou a revolta de independentistas no território ultramarino da Nova Caledônia há 12 dias, que resultou em seis mortes e danos materiais “colossais”.
“Depois de ter escutado todo mundo, assumi o compromisso de que essa reforma não entrará em vigor no contexto atual. Vamos nos dar algumas semanas para retomar o diálogo para um acordo global”, disse Macron à imprensa no final de sua visita expressa ao arquipélago, localizado a 17 mil quilômetros da França, no Oceano Pacífico.
Macron considerou que “a suspensão dos piquetes e bloqueios” dos jovens independentistas é uma condição essencial para que os partidos políticos envolvidos se sentem para dialogar, referindo-se aos partidos pró-franceses e aos partidos pró-independência.
“Quando tivermos verificado que esses bloqueios foram de fato suspensos, o diálogo político deverá ser retomado imediatamente, juntamente com o lançamento de uma missão de mediação”, disse Macron, que avaliará o progresso feito dentro de um mês.
O “novo acordo global” desejado pelo presidente deve incluir vários pontos, entre eles a reforma do censo eleitoral - uma questão que irrita os independentistas do arquipélago porque a extensão é considerada prejudicial a eles -, um plano para tornar a economia menos dependente do níquel e “a questão de um voto de autodeterminação”, sobre o qual não deu mais detalhes.
Esse acordo geral, disse Macron, teria então de ser submetido à votação dos residentes da Nova Caledônia.
A tensão entre a população indígena Kanak e os colonizadores franceses e seus descendentes é um problema de décadas, e três referendos para decidir pela independência da Nova Caledônia terminaram com vitória do “não” em 2018, 2020 e 2021.
O último foi boicotado por independentistas do território, que tiveram recusado um pedido para que o referendo fosse adiado devido à pandemia de Covid-19.
A atual onda de violência decorre de uma medida recentemente aprovada pelo Legislativo da França. Um acordo de 1998 estabeleceu que apenas os nativos da Nova Caledônia e os migrantes que chegaram ao território até o ano da assinatura desse compromisso podem votar nas eleições provinciais e em referendos locais.
Porém, o Parlamento da França aprovou na semana passada que pessoas que vivem na Nova Caledônia há pelo menos dez anos também poderiam votar. A medida desagradou grupos pró-independência. (Com Agência EFE)