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O presidente da França, Emmanuel Macron, se posicionou nesta sexta-feira (23) a favor da criação de uma tributação internacional para financiar o "combate à pobreza e à mudança climática", em particular com uma taxa sobre o transporte marítimo.
Macron, que convocou a chamada Cúpula para um Novo Acordo Financeiro Global, que termina nesta sexta-feira em Paris, pediu ajuda à Organização Marítima Internacional (IMO, sigla em inglês) para abordar a questão sobre uma taxação no setor em julho.
Em entrevista à emissora de rádio France Info, o presidente francês destacou que o transporte marítimo é "um dos poucos" que não estão "sujeitos a impostos”, razão pela qual deve ser taxado, mas não apenas ele.
De qualquer forma, Macron disse que não vai estabelecer um imposto apenas para a França porque "não funciona quando fazemos sozinhos". Para dar um exemplo, citou o imposto sobre passagens aéreas ou sobre transações financeiras.
Além da questão dos impostos internacionais, Macron defendeu os últimos acordos de reestruturação da dívida do Chade e da Zâmbia que envolvem a China, que se tornou um grande credor, sobretudo dos países africanos, nos últimos anos.
Para Macron, o que se fez agora com o Chade e a Zâmbia é uma mudança positiva porque “todos se esforçaram”, inclusive a China. Quando perguntado se a dívida dos países pobres com a China é problemática, Macron respondeu que "se ultrapassar um determinado nível, sim".
Questionado sobre a exigência de alguns países pobres pelo simples cancelamento da dívida com os chineses, o líder francês alertou que isso não funcionaria, porque depois "ninguém iria querer emprestar ao país beneficiário".
Macron ainda salientou que, para financiar o combate à pobreza e à mudança climática, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial "vão mudar completamente a sua lógica", visando mobilizar muito mais dinheiro e atrair capital privado.
Nesse sentido, ele frisou que o objetivo é que “cada vez que se mobiliza um euro de dinheiro público, é preciso captar um euro de dinheiro privado”.
Macron reconheceu que esse mecanismo não funcionará para os países mais pobres, que precisarão de outros meios, mas funcionará para os emergentes. E que, em todo caso, devem ser oferecidos ao capital privado "mecanismos de garantia" para que decidam investir.