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Mães de adolescentes presos por Maduro clamam pela libertação de seus filhos
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro| Foto: Serviço de imprensa do Presidente da Federação Russa/Wikimedia Commons

Mães de adolescentes presos na Venezuela por participarem de manifestações contra o regime do ditador Nicolás Maduro, que fraudou as eleições de julho, intensificaram na semana passada suas exigências pela libertação de seus filhos, denunciando não apenas a privação arbitrária de liberdade deles, mas também casos de tortura e maus-tratos perpetrados por agentes do chavismo nas cadeias para onde esses menores foram levados.

Segundo a ONG Foro Penal, que está contabilizando o número de presos políticos na Venezuela, ainda há 58 menores de idade presos no país sul-americano, muitos deles em condições físicas e psicológicas preocupantes. Segundo informações do portal venezuelano Efecto Cocuyo, durante coletiva de imprensa realizada em Caracas na última sexta-feira (13) mães e familiares de oito desses adolescentes se reuniram para dar voz às suas reclamações, destacando a deterioração física e mental dos menores nas prisões.

Adelaida Herrera, mãe do adolescente Bleider José Herrera, de 17 anos, foi uma das que decidiu romper o silêncio e clamar publicamente por justiça.

"Peço às autoridades que liberem todos os menores de idade que estão presos. Meu filho tem um desvio na coluna e, cada vez que o visito, o vejo pior", desabafou Herrera, que não esconde o desespero ao ver a saúde do filho se deteriorar. Conforme o Efecto Cocuyo, Bleider está detido desde 31 de julho, após as manifestações que ocorreram no país em protesto contra a fraude de Nicolás Maduro.

Outra mãe que compartilhou seu sofrimento ao Efecto Cocuyo foi Theany Urbina, cujo filho, Miguel Alejandro Urbina, de 16 anos, foi preso no início de agosto. Segundo Theany, o jovem foi retirado à força de uma confraternização com amigos e levado a um centro de detenção em Caracas.

"Ele me disse que tentaram obrigá-lo a gravar um vídeo confessando que estava sendo pago para participar das manifestações. Quando ele recusou, foi agredido", relatou, ressaltando o temor que sente ao imaginar o que seu filho está passando. Em uma conversa, Miguel chegou a implorar: "Me tire daqui mamãe, já não quero nunca mais estar preso. Isso é horrível. Diga às minhas irmãs que pedi perdão a Deus por todos os meus erros e que serei uma pessoa melhor".

As denúncias de tortura e maus-tratos dentro das prisões venezuelanas não são novas, no entanto, após a fraude escancarada do chavismo, elas têm ganhado cada vez mais atenção, com os familiares dos presos políticos optando por tornar públicos os relatos na esperança de que a exposição acelere a liberação deles.

Neryda Ruiz, mãe de Ángel Moisés Ramírez, outro jovem de 16 anos preso após as manifestações contra o chavismo, disse que seu filho não foi fisicamente agredido, mas outros companheiros de cela não tiveram a mesma sorte.

"Ele me disse que não o agrediram nem causaram nenhum dano, mas outros companheiros dele foram espancados", afirmou Neryda, enfatizando a angústia que é ver o futuro do filho estagnado, já que Ángel estava prestes a começar o último ano de contabilidade em uma escola técnica.

"Meu filho já completou 45 dias, mas há outras crianças que estão há mais de 50. A exigência é que nos deem atenção”, disse Neryda.

Conforme noticiou o Cocuyo, a rotina dos familiares está sendo marcada pela dificuldade de manter contato com os jovens presos. As visitas, restritas a dois dias por semana, são momentos de tensão e frustração.

Familiares dizem que tentam levar comida, roupas e até água para os adolescentes. Na cadeia não há suprimentos, explicou Adelaida Herrera, descrevendo as condições precárias do centro de detenção em El Cementerio, em Caracas, onde seu filho e outros menores estão reclusos.

As prisões de menores de idade fazem parte de uma repressão mais ampla promovida pelo regime de Maduro após as eleições fraudadas, que resultaram na prisão de mais de 1,8 mil pessoas, das quais 129 eram menores de idade. Apesar de mais de 60 adolescentes já terem sido libertados, a ONG Foro Penal alerta que 58 jovens ainda permanecem detidos, muitos deles sem qualquer expectativa de julgamento ou resolução de seus casos.

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