Participaram de ensaio no início do ano 580 mil militares, policiais, integrantes da Milícia Nacional Bolivariana, além de militantes e oficiais militares de Cuba| Foto: FEDERICO PARRA/ AFP

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, convocou nesta segunda-feira (14), novos exercícios militares, três dias após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que não descarta "a opção militar" para resolver a crise no país.  

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A declaração do americano alimentou a acusação do chavista de que a Casa Branca deseja intervir na Venezuela, feita desde que foi eleito, em 2013, e reforçada durante a onda de protestos contra o regime, iniciada em abril.  

Diante de milhares de pessoas que participaram de um ato cujo lema foi "Fora da América Latina, Trump", Maduro anunciou o treinamento, que chamou de "Exercício Soberania Bolivariana 2017", para 26 e 27 de agosto.  

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Sobre a ameaça, disse que a Venezuela não pode ser ameaçada "por ser um país de paz" e agradeceu as condenações feitas por países latino-americanos, inclusive aqueles críticos a seu regime. 

Presidente Trump 

"Trump, jogando golfe em seu campo, saiu para falar e disse a frase mais insolente, desproporcional, vulgar e ofensiva que jamais foi dita contra a Venezuela na história das relações internacionais."  

Ele acusou a Casa Branca de ordenar as manifestações de seus rivais. "Primeiro decretaram que se instalasse o caos e a violência e, para isso, têm uma quinta coluna, que se chama oposição da Venezuela, a direita apátrida."  

Também reiterou a intenção de punir os adversários pela violência, que chamou de "terrorismo burguês", com a comissão da verdade da Assembleia Constituinte para investigar "a violência política" nos 18 anos do chavismo. 

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"Prejudicaram muito a pátria, aqueles que mandaram queimar, quebrar e matar têm que responder. A violência dos baderneiros foi para provocar uma guerra civil para justificar uma intervenção estrangeira na Venezuela."

MUD  

Como outro motivo para que a oposição seja punida, citou a nota da Mesa de Unidade Democrática (MUD) sobre a frase de Trump, em que rejeitam a interferência, mas não mencionam nominalmente o americano e os EUA.  

"Não dizem uma só palavra para defender o direito à paz nesta terra sagrada", disse, para depois se referir à eleição regional, previstas para outubro. "Estarão aí os candidatos de Trump e os candidatos da revolução."  

Este será o segundo exercício militar deste ano, ambos foram motivados por ações da Casa Branca. O primeiro, em janeiro, ocorreu após Barack Obama renovar o decreto que considera o país uma ameaça à segurança. 

Na ocasião, participaram 580 mil militares, policiais, integrantes da Milícia Nacional Bolivariana (força armada civil), além de militantes e oficiais militares de Cuba.  

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A Venezuela também realizou exercícios em 2015, após Obama lançar o decreto, e em 2016, na primeira renovação.  

Vice-presidente

Os exercícios militares são anunciados no segundo dia de visita do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, à América Latina. Nesta segunda, reiterou que os americanos continuarão a agir para evitar o colapso venezuelano. 

"Não vamos ficar de braços cruzados enquanto a Venezuela se torna uma ditadura. Um estado falido poderia ameaçar a prosperidade de todo o continente", disse, após visitar venezuelanos que fugiram para a Colômbia.  

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Dentre as medidas, citou sanções econômicas, o que levou a críticas do vice venezuelano, Tareck El Aissami. "São cínicos. Dizem que o povo está sofrendo por não ter comida e remédios, mas apoiam o cerco financeiro."  

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El Aissami, Maduro e outras 30 pessoas estão na lista de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA.

Crise

A Venezuela vive uma crise econômica e política desde 2014, mas que se intensificou neste ano. Desde abril, 162 duas pessoas já morreram em 6,7 mil protestos, segundo levantamento do Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais