Às vésperas da eleição presidencial na Venezuela, o presidente interino Nicolás Maduro anunciou um aumento no salário mínimo, em mais uma manobra de campanha a cinco dias da eleição no país. Maduro disputa a presidência com outros seis candidatos, mas as intenções de voto são encabeçadas por ele e pelo líder da oposição, Henrique Capriles.
A notícia foi dada ontem por Maduro em ato diante do Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano. De acordo com o presidente interino, o reajuste ficará entre 38% e 45%, e será aplicado em três etapas, de maio a novembro.
Segundo o jornal El Universal, de Caracas, em maio entrará em vigor a primeira parte do aumento, que elevaria o salário mínimo dos atuais 2.047 bolívares para 2.456 bolívares, um reajuste de 20%. A segunda etapa acontece em setembro, quando o aumento aplicado será de 10%, levando a remuneração básica dos trabalhadores a 2.702,04 bolívares. O aumento será concluído em novembro, quando o porcentual aplicado será de 5% a 10%, de acordo com a inflação no período.
Maduro participou ontem de um ato em apoio à sua candidatura que reuniu milhares de trabalhadores em Caracas, capital venezuelana. Com camisetas vermelhas, cor do partido governista, eles seguiram em marcha da Avenida Libertador até o Palácio de Miraflores, onde o presidente fez seu pronunciamento.
Além do aumento do salário mínimo, foram feitos outros anúncios dirigidos à classe operária, que incluiriam construção de moradia, serviços gratuitos de saúde e educação para as crianças.
"Porque o comandante Chávez me deixou para proteger a classe trabalhadora e os mais pobres", afirmou Maduro em discurso, remetendo ao seu antecessor, Hugo Chávez, morto em março.
O presidente interino anunciou ainda que o escritório de Chávez no Palácio de Miraflores "será transformado em um museu histórico que honrará a Revolução Bolivariana e o comandante Hugo Chávez". A decisão será um ato de "justiça com a história", acrescentou Maduro, que detalhou que, caso ganhe a eleição de domingo, seu escritório em Miraflores "estará situado em outra ala do Palácio".
Os venezuelanos participarão da eleição presidencial no próximo domingo. Capriles voltou a pedir que a população vá às urnas "para cuidar dos votos", depois de denunciar o uso de recursos públicos e o acesso a urnas eletrônicas pelo governo para beneficiar seu candidato.
Em desvantagem de até 18 pontos, segundo pesquisas eleitorais, o opositor garantiu que "a luta não terminou", e prometeu para as próximas horas "muitos rumores" que vão acirrar a disputa.
Plano
Governo venezuelano fecha fronteira com a Colômbia por segurança
Agência Estado
O governo da Venezuela anunciou ontem o fechamento de sua fronteira com a Colômbia e informou que proibirá reuniões públicas como parte de um plano de segurança com vistas à eleição presidencial de domingo.
A cinco dias da votação, as autoridades venezuelanas publicaram no diário oficial do país resoluções com as medidas de segurança, que incluem o aquartelamento da polícia, a suspensão temporária dos portes de armas para civis e a proibição à venda de bebidas alcoólicas.
Somente o fechamento da fronteira com a Colômbia passou a vigorar ontem. As demais medidas entrarão em vigor na sexta-feira e serão mantidas até a próxima segunda-feira, um dia depois da eleição. "Foi fechada a fronteira pelos Estados de Zulia, Táchira, Apure e pelo sul de Guaiana", anunciou o general Wilmer Barrientos, chefe do comando estratégico das Forças Armadas, em pronunciamento na televisão estatal venezuelana.
Os estados citados fazem fronteira com a Colômbia. Medidas similares foram aplicadas em eleições passadas. De acordo com o texto da resolução assinada pelo ministro de Interior da Venezuela, general Néstor Reverol, a medida visa a "resguardar a inviolabilidade das fronteiras e prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaça à segurança da república".
O presidente interino, Nicolás Maduro, ordenou a abertura de uma investigação de um caso de agressão a opositores do governo.