O ditador venezuelano Nicolás Maduro autorizou o envio, em 2010, de uma mala contendo 3,5 milhões de euros (mais de R$ 20 milhões, na cotação de hoje) em dinheiro para um dos fundadores do Movimento 5 Estrelas, partido que hoje compõe a coalizão de governo da Itália, segundo reportagem do jornal espanhol ABC publicada na segunda-feira (16). À época, Maduro era ministro das Relações Exteriores no governo de Hugo Chávez.
A mala teria sido enviada ao consulado da Venezuela em Milão, destinada a Gianroberto Casaleggio, que fundou o M5S ao lado de Beppe Grillo em 2009, acusou o jornal, que publicou o que disse serem documentos secretos da Direção Geral de Inteligência Militar do país sul-americano.
O partido italiano negou as alegações. "A história da mala cheia de dinheiro entregue diretamente a Gianroberto Casaleggio é digna de uma trama de espionagem do melhor filme de James Bond", afirmou em nota Tiziana Beghin, membro do M5S no Parlamento Europeu, dizendo que a acusação "não é baseada na realidade" e uma "flagrante notícia falsa" que foi desmentida pelas próprias autoridades diplomáticas venezuelanas.
A embaixada venezuelana na Itália refutou as acusações e afirmou que as autoridades em Caracas tomarão medidas legais, noticiou o Corriere della Sera.
O filho do co-fundador do partido, Davide Casaleggio, considerou a reportagem espanhola "fake news". "O M5S sempre foi financiado de modo transparente e somos os únicos a tornar públicos todos os balanços, em detalhes, antes que a lei exigisse", afirmou, lembrando que acusações de apoio chavista ao partido já foram feitas no passado e desmentidas.
Segundo o documento publicado pelo jornal ABC, o dinheiro foi enviado "de maneira segura e secreta através de uma maleta diplomática" para Casaleggio, falecido em 2016. O documento diz que a soma para financiar o M5S saiu de fundos secretos administrados pelo então ministro do Interior Tareck el Aissami, aliado de confiança da Maduro e que hoje ocupa os cargos de vice-presidente de Economia e ministro do Petróleo do regime.
O objetivo do envio de recursos era "apoiar um novo movimento anticapitalista e esquerdista na República Italiana", de acordo com o documento publicado pelo jornal espanhol.
Ainda segundo a reportagem, na época não havia uma legislação que proibisse o financiamento estrangeiro de campanhas políticas na Itália, mas os partidos eram obrigados a declarar tais doações. Em 2019, quando o M5S estava no governo, foi aprovada uma lei que proibiu o financiamento estrangeiro aos partidos italianos.
O Movimento 5 Estrelas venceu as eleições nacionais de 2018 com 33% dos votos. O partido se opôs ao reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, apesar do apoio declarado pelo seu então parceiro de coalizão, a direitista Liga, ao líder da oposição venezuelana. A maioria dos países europeus não reconhece a legitimidade do regime de Maduro.
Atualmente, o Movimento 5 Estrelas governa a Itália com o Partido Democrático (PD).
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